Jesus andava por Jerusalém quando seus discípulos decidiram
interrogá-lo a respeito de uma tradição que eles tinham a respeito das consequências
do pecado ( “Mestre, quem pecou: este homem ou seus pais, para que ele nascesse
cego?” v.2), Jesus então, preocupado com o ensino verdadeiro a respeito das
coisas do Pai lhes faz uma afirmação que vai contra toda a crença da época: “Nem
ele nem seus pais pecaram, mas isto aconteceu para que a obra de Deus se
manifestasse na vida dele (v.3). Ora, o que estava explícito para qualquer
cidadão na época é que a cegueira era uma maldição, ou seja, um sinal de juízo e
não da glória de Deus. Jesus não apenas fala a seus discípulos como demonstra
que suas palavras eram verdadeiras, pois nenhum profeta, mesmo Elias, havia
curado um cego de nascença antes.
Jesus curou o cego de nascença (Jo 9.1-7), este homem
anunciou sua cura para muitas pessoas e surpreendeu a todos, a ponto de haver
quem dissesse que não era o mesmo homem, mas alguém muito parecido com ele. Ele
porém dizia: “Sou eu mesmo” (v.9)
Ele então foi chamado pelos fariseus e interrogado pelos
mesmos. O interessante nesse interrogatório foi que os fariseus não deram
atenção ao fato de que pela primeira vez na história um cego de nascença havia
sido curado, mas sua atenção voltou-se ao fato de que esta cura foi efetuada no
sábado e tal não poderia ocorrer, ou seja, em suas mentes não importava a cura,
mas o dia em que foi feita.
O homem não deu importância ao julgamento dos fariseus pois não
se situava mais sob a autoridade dos mesmos, ele agora deixou de pertencer à religião
deles e pertencia a Jesus. Depois de ser interrogado e de atestarem que não poderiam
convencê-lo de suas suposições eles então chamam seus pais, que, com medo dos
fariseus (as pessoas comuns sempre têm medo dos poderosos por não ter noção da
força que o povo unido tem) desviam de si a responsabilidade dos atos de seu
filho, se bem que o filho em questão era um homem com mais de trinta anos. Eles
então chamam de volta o homem que antes fora cego, e, depois de uma longa
entrevista o homem dá uma má resposta aos seus inquisidores: “Eu já lhes disse,
e vocês não me deram ouvidos. Por que querem ouvir outra vez? Acaso vocês
também querem ser discípulos dele?” (v.27). Os judeus odiavam tanto a Jesus que
alem de não atentarem para a cura não atentaram ao fato de que Jesus estava cumprindo
toda a lei de Moisés e todos os profetas com todo o seu ministério, porém eles não
tinham mais o que fazer para convencer aquele homem, eles então o expulsam, e, antes
que o mesmo pudesse tomar uma distância segura Jesus o encontra.
O homem não sabia quem e nem como era Jesus, ao encontrá-lo
ele conversa com Jesus sem saber diante de quem ele estava, ao saber ele adorou
(essa é a atitude que inevitavelmente tem quem vê quem realmente Jesus é).
Os fariseus por outro lado sentindo-se ofendido com as palavras
de Jesus (“Eu vim a este mundo para julgamento, a fim de que os cegos vejam e
os que vêem se tornem cegos” v.39) o interrogam na esperança de um pedido de
desculpas (“Acaso nós também somos cegos?” v.40), mas o que eles tem é uma
afirmação direta (“Se vocês fossem cegos, não seriam culpados de pecado; mas
agora que dizem que podem ver, a culpa de vocês permanece.” v.41).
Sendo assim, a perguntado titulo permanece: o que Jesus cura?
Jesus curou a cegueira espiritual do homem, ele que não sabia
nada a respeito de si mesmo e a respeito de Jesus agora é liberto da escuridão
em que vivia e pode ver quem é Jesus. Os fariseus por outro lado apesar da
visão física não podiam ver nada do que realmente era,não conseguiram ver o
milagre da cura de um cego de nascença porque sua atenção estava somente no
fato de que um homem estava desobedecendo a lei (?), eles não conseguiram ver
que Jesus havia mostrado que Deus se preocupa com o bem do homem e não exatamente
em estabelecer juízo para todos, não conseguiram ver que deveriam servir ao Pai
amoroso ao invés do deus condenador.
Que Deus nos abençoe e nos leve a servi-lo e contemplá-lo.