quarta-feira, 29 de março de 2017

A GERAÇÃO DO FICAR

Ao longo do tempo, as pessoas são conhecidas pelas características que marcam sua época. Assim, temos a geração "hippie", a geração "anos dourados", etc. Na minha análise, a geração dos nossos dias pode ser chamada: "F".

Dou esta designação por causa das principais atividades que marcam, especialmente, os jovens. Estamos sendo invadidos por modismos estéreis que estão levando as pessoas a atitudes irresponsáveis e inconsequentes.

As atitudes pautadas pela "onda" têm direcionado os jovens para intrincados vazios existenciais, perda da esperança e indisciplina.

Quando falo da Geração "F", uso esse termo por causa das atitudes mais comuns. São suas prioridades, e começam com a letra "F".

A primeira idéia é festa.
Não que seja contrário a festas. Mas, repare bem, quantas e que qualidade de festas vemos em nossos dias. Refiro-me especialmente aos "carnavais-fora-de- época", festivais, etc.

Não coloco aqui palavras preconceituosas. Pondero dois enfoques. Primeiro, basta que conheçamos as notícias após tais festas. As tragédias e o luto. Segundo, as posições pessoais dos participantes. É verdade que muitos vão para festejar, mas o ambiente que é criado pela desagregação pessoal e social transforma esse tipo de festa em "zona de perigo".

Tenho tido contato com as pessoas que são movidas a festas. Este é um fator de alienação e irresponsabilidade.

A segunda idéia é ficar.
Vivemos a geração do descompromisso e da irresponsabilidade no que diz respeito ao relacionamento homem-mulher. Esta atitude pode ser vista de ambos os lados. Um jvovem paciente contando de sua participação num Micarense, dizia "orgulhoso":

— Fiquei com 53 gatas. O gozado é que no sábado à noite tentei ficar com uma e ela me deu um não, porque já havia ficado comigo".

Ficar conjuga-se aqui como a ação de estabelecer um contato de intimidade com outra pessoa, podendo ser em diferentes níveis. E depois... tchau, tchau!

O ficar é brincar com coisa séria. É brincar com sentimentos, com a afetividade, com a sexualidade. Brincar nessa área sempre traz conseqüências desastrosas. Essa libertinagem cria um senso de irresponsabilidade que perdura e atropela os valores. Cria a falta de organização e limites que a própria vida impõe.

A terceira idéia é fuga.
Fugir é perder contato com a realidade, ou melhor, é não querer esse contato. Geralmente quem foge não se acha capaz de enfrentar a realidade. Isto, então, nos revela que o problema não está do lado de fora. Está no lado de dentro. No próprio indivíduo e sua auto-estima.

Pelo que vejo, os entorpecentes e o álcool são os favoritos para a fuga. E, lamentavelmente, quem se encontra nesta triste vereda só o percebe, na maioria das vezes, quando é tarde demais.

A droga funciona como um elemento de esquecimento, como elemento de poder, como elemento de prazer. Mas as três idéias são inteiramente falsas porquanto só atuam no mundo da fantasia. E estamos na realidade!

Há outras idéias da Geração "F". Mas há antídoto para isso. Sugiro dois, que começam também com a letra F.

O primeiro é família.
A família é imprescindível para o desenvolvimento equilibrado do ser humano. Mas, para isso, a família precisa de equilíbrio. Os pais precisam.

Os filhos funcionam com energia familiar. Vão para a vida e voltar para o lar, onde junto aos pais recarregam suas baterias. Se não houver energia ou se ela estiver estragada, não há como funcionar bem.

A comunicação aberta e sadia propicia esse equilíbrio. A abertura de espaço livre para a expressão dos sentimentos. O bom humor, descontração e a ausência de cobranças vazias contribuem muito.

O segundo é fé.
Leio em A Tribuna, de 2-6-98, p. 12: "Religião transforma a vida de ex-líder do Comando Vermelho". Na verdade, não é uma religião em si. Como disse o entrevistado: "Sou uma lagarta que virou borboleta pela obra de Deus". Isso só é possível pela fé em Jesus.

Ter uma religião ou ir a uma igreja são importantes. Mas não são suficientes. Crer em Jesus Cristo como Salvador e Senhor e viver para Ele é a parte de estruturação, mudanças e equilíbrio.

Família e fé formam uma parceria indispensável para mudar o quadro sombrio da Geração "F".

Os recursos da educação, psicoterapia, terapia medicamentosa são importantes como fator de ajuda. Mas o sucesso pleno está no investimento de Família-Fé. Gastar tempo com os filhos, ensinando-os a temer a Deus (não tremer de medo), os valores morais e a conquista do bem deve ser o ponto alto da função dos pais.
Em tempo: Ao fechar este artigo, envio um telegrama a todos os meus leitores da Geração "F":

"Faça favor favorecer família funcionar feliz. Fundamentalmente fortaleça formação firme fé".

A Fornicação: A Defesa do Sexo Endeusado


Os desejos sexuais não devem ser objeto de ódio ou de vergonha.  Podemos, e devemos, celebrá-los como um dom precioso.  Deus é o autor deles (Gênesis 1:27; 2:22-24) e os declarou bons (Gênesis 1:31).  O nosso Criador projetou o sexo não apenas para aumento do prazer físico e do bem-estar dos cônjuges no casamento, mas também para facilitar a expressão de seu carinhoso compromisso.  Se o sexo, feito na intimidade do casamento, pode ser puro e santo (veja Hebreus 13:4; Romanos 13:1), não devemos imaginar que o nosso desenvolvimento espiritual seja mais bem atendido se negarmos a importância dos atos físicos do amor.  O apóstolo Paulo admoesta sem rodeios aos casais:  "Não vos priveis um ao outro, salvo talvez por mútuo consentimento, por algum tempo, para vos dedicardes à oração e, novamente, vos ajuntardes, para que Satanás não vos tente por causa da incontinência" (1 Coríntios 7:5).
Lamentavelmente, todas as boas dádivas de Deus para o homem, dentre as quais o sexo, foram tristemente corrompidas.  As intimidades sexuais, tão proveitosas dentro da estrutura protetora do amor e do compromisso do casamento, podem voltar-se contra o homem de modo destrutivo, quando este permite que elas ultrapassem seus verdadeiros limites.  O Espírito Santo tem o hábito de falar desse "sexo solto" como "fornicação".  O termo em geral identifica toda perversão da capacidade sexual humana em intercurso ilícito, de natureza heterossexual, homossexual ou bestial. O adultério, o sexo antes do casamento, o incesto, a sodomia, o lesbianismo, etc. não passam de formas específicas de fornicação.
Ao contrário da opinião equivocada de alguns, a fornicação não tém a distinção de ser o primeiro nem o maior pecado.  O orgulho maligno chega muito mais perto dessa desonra.  No entanto, o preço que a fornicação tem exigido do homem, no que diz respeito à solidão, à infelicidade e à angústia, é tão desanimador que mal podemos imaginar suas conseqüências.
Quem pode descrever com a devida propriedade a degradação terrivelmente dolorosa da concubina levita que morreu ao segurar à porta do hóspede de seu marido, em Gibeá, após ter sido estuprada e abusada pelos homens da cidade de noite até a manhã (Juízes 19)?  Quem pode contar os lares desintegrados e os filhos abandonados, ou medir a dor e as cicatrizes profundas que brotam desses "casos" impensados em nossos dias?  E quem pode imaginar completamente os efeitos devastadores do abuso incestuoso de crianças em nossos dias?  A culpa e a autodiscriminação impiedosamente dominam a mente e destroem a paz e a alegria.  A angústia do que comete o erro e da vítima bradam lamentavelmente.
Paulo não apenas considera a fornicação um daqueles atos "manifestos" da carne, mas também o põe no topo da lista "carnal" de Gálatas 5:19-21 e raramente escreve a seus irmãos de várias regiões do mundo sem alguma admoestação especial para que a evitem (veja Romanos 13:13; Efésios 3:3-4; Colossenses 3:5; 1 Tessalonicenses 4:3).  Ele insistiu com os coríntios para que "fugissem da fornicação", explicando que "qualquer outro pecado que uma pessoa cometer é fora do corpo; mas aquele que pratica a imoralidade peca contra o próprio corpo" (1 Coríntios 6:18).  As intimidades sexuais fora do compromisso de amor do casamento contradizem ao propósito para o qual o corpo foi criado.  Por serem contra a natureza, não podem deixar de ter conseqüências prejudiciais sobre o homem em geral.
Na raiz desse mau uso destruidor do sexo reside a alienação do homem em relação a Deus.  Desesperadamente só, o homem busca compensar a sua perda numa busca desesperada por amor e aceitação.  O desejo sexual, agora desprovido de amor puro, torna-se uma cobiça impessoal, egoísta.  Assim, aquilo que Deus determinou ser um servo a manifestar o amor, torna-se um tirano que o suprime.  E o corpo padece da desonra enquanto isso se dá (Romanos 1:24).  Mas tenha esperança, meu amigo, há saída para os fornicadores!
A vitória sobre a fornicação (mesmo a do tipo homossexual) ocorre sobretudo no coração e na mente.  Aí se deve lutar e vencer.  A luta começa com uma profunda aceitação da responsabilidade pessoal (veja Romanos 1:21-26; 1 Coríntios 5), com um arrependimento genuíno (2 Coríntios 7:9) e com uma determinação sincera de deixar o sexo pervertido e todas as formas de perversidade e se agarrar em Deus (Atos 2:38; 17:30).
Somente com a plena reconciliação com Deus, podemos ter esperança de banir a solidão da alienação e quebrar o encanto do sexo endeusado (2 Coríntios 5:20; 1 Coríntios 6:9-11).  Com o amor e a reverência cada vez maiores por Deus, devemos lançar-nos completamente sobre a graça de Deus.  Paulo afirma:  "Andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne" (Gálatas 5:16).  Não há promessa de triunfo sobre a fornicação se for esse exclusivamente o nosso objetivo.  Essa vitória é obtida no coração disposto a realizar toda a vontade de Deus.  Aí aprendemos o amor que recebe o prazer sexual com gratidão, mas não o venera.

terça-feira, 28 de março de 2017

A entonação está muito além das palavras



por Reinaldo Polito

A comunicação inteligente, perspicaz, que dá resultado, não depende apenas de gestos, vocabulário, gramática, organização das idéias, objetividade e de outros recursos que, de maneira geral, atraem e estimulam as pessoas a se desenvolver para falar de forma correta e desembaraçada. Muito mais do que todos esses aspectos você precisa conhecer e dominar os conceitos que envolvem a entonação. Acompanhe comigo passo a passo tudo o que precisa saber para usar com propriedade esse recurso e tornar suas apresentações ainda mais eficientes.
Um aluno contou uma história bastante curiosa: ele estava de férias na Turquia e logo no primeiro dia de passeio, como curiosidade, entrou numa loja para ver algumas peças fabricadas na região. Depois de olhar os produtos que estavam expostos perguntou ao comerciante qual o preço de uma taça de metal. Assim que o comerciante lhe deu a resposta, ele agradeceu e foi saindo. Pra quê! Disse que foi um alvoroço - o comerciante encolerizado caminhou em sua direção dirigindo-lhe todos os impropérios. Só depois é que soube o motivo da indignação daquele homem. Naquela cultura só pergunta o preço de um produto quem tem interesse em comprar. Se ele julgasse o preço elevado, deveria ter feito uma contra-oferta revelando quanto tinha intenção de pagar. Se não chegassem a um acordo, aí sim o "protocolo" comercial teria sido concluído.
Reservadas as proporções todas, é esse mesmo cuidado que devemos ter no nosso dia-a-dia quando nos comunicamos com alguém. Precisamos levar em conta a formação, o interesse e a expectativa que esse ouvinte tem com relação a nós, à mensagem e à forma como ela será transmitida para ele. Por exemplo, no momento em que escrevo este texto estou também fazendo uma avaliação antecipada da expectativa que você tem com relação a mim e à matéria que começou a ler. À medida que as idéias vão sendo apresentadas eu as reconsidero de acordo com os efeitos que suponho, a partir da minha ótica, elas produzirão em você. Assim, mesmo você não estando presente e, por isso, não podendo conversar comigo, há esse diálogo constante que vamos mantendo - eu escrevendo o que imagino que você esteja pretendendo, como se estivéssemos o tempo todo interagindo.
A entonação é classificatória
E aí garotão, tudo bem? Aparentemente, essa frase poderia ser interpretada como um elogio a uma pessoa mais velha, pois todos nós gostamos de ser vistos como mais jovens. Entretanto, a expressão "garotão" pode soar como um tratamento pejorativo, indicando não a idade, mas a inexperiência ou uma posição social inferior, especialmente se for utilizada por alguém que tenha mais ou menos a mesma idade, ou que seja um pouco mais jovem. E não é apenas o sentido das palavras que determina a marca classificatória da mensagem, mas principalmente o tom, a forma como elas são pronunciadas.
A maneira como falamos classifica as pessoas às quais nos dirigimos. Quando você fala com uma pessoa de baixa formação intelectual observe como a tendência é explicar com cuidado todas as informações para facilitar o entendimento dela. Essa forma quase didática de falar, semelhante à que usamos quando conversamos com as crianças, classifica o ouvinte como alguém despreparado. Ao contrário, quando o ouvinte possui bom preparo, a comunicação perde essa característica didática e você se expressa sem a preocupação de explicar detalhadamente o que pretende dizer. Nessa circunstância, você utiliza de maneira mais acentuada os recursos da ironia e se vale com freqüência da presença de espírito, pois sabe que esse tipo de comunicação é compreendido com facilidade por pessoas com boa formação.
A importância de você se conscientizar de que a entonação é classificatória está justificada no risco permanente de que um pequeno deslize na avaliação feita sobre a formação e as características dos ouvintes pode trazer conseqüências negativas irreversíveis. Por exemplo, talvez você angariasse a antipatia e a resistência de um grupo se usasse um tom condescendente afirmando que os ouvintes não precisariam se preocupar com o entendimento da mensagem porque houve um trabalho intenso no sentido de tornar as informações mais fáceis de serem compreendidas. Ora, qualquer ouvinte com razoável formação intelectual se sentiria ofendido com esse tom que o classifica como pessoa despreparada. O problema se agrava pelo fato de essa avaliação ser feita no instante em que as palavras são proferidas. Mesmo que você tenha estudado com pormenores e com bastante antecedência quais as características dos ouvintes, no momento de falar, ao vê-los, provavelmente usará a entonação de acordo com a classificação que faz das pessoas naquele momento e não apenas a que havia planejado nos instantes de preparação. Se errar, poderá prejudicar o resultado da sua comunicação.
Um emaranhado de fatores
Mikhaïl Bakhtin, um dos mais importantes estudiosos da linguagem, afirma que o fenômeno da entonação se realiza a partir da influência de três fatores:
  locutor / autor
  ouvinte / leitor
  objeto do enunciado
A entonação se dará com a interação desses três componentes no sentido de determinar a avaliação social da mensagem. Assim, o sentido da informação ocorrerá quando quem fala ou escreve, quem ouve ou lê e o assunto tratado interagirem.
Há pouco eu dizia a você que nós estávamos interagindo com este texto, eu escrevendo e imaginando suas expectativas e avaliações e você lendo e identificando minhas intenções, considerando ainda, obviamente, o assunto que está sendo tratado.
O emaranhado de fatores passa a ser mais complexo ainda se levarmos em conta que, como alerta Bakhtin, a entonação é lugar de memória acústica social. O que ele pretende dizer com essa afirmação? Simplesmente que tanto eu como você, isto é, autor e leitor, fomos nos impregnando de entonações desde os primeiros instantes de nossa existência. As características das pessoas com as quais convivemos, que por sua vez foram influenciadas por outras pessoas com as quais conviveram, as músicas que ouvimos, os cursos que freqüentamos, as imagens que observamos, enfim, toda nossa formação influenciada durante uma vida toda participa dessa entonação classificando o grupo social a que pertencemos e nos levando a usar uma forma de comunicar e de receber a mensagem e de interagir para determinar seu sentido.
Observe o comportamento de uma criança de aproximadamente quatro anos. Já nessa idade, nos primeiros aninhos de vida, ela aprende a classificar as pessoas e reage de acordo com as características de cada uma. Com a tia que brinca e conta historinhas, ela se mostra afável, sorridente e alegre com sua chegada; com a prima ranheta, que disputa seus brinquedos, ela se mostra resistente e procura se manter distante; com o avô carinhoso e paciente, ela tanto pode correr para o seu colo, como fazer manha e pleitear presentes impossíveis. Bem, esse aprendizado social ficará para sempre em sua memória, e quando estiver na idade adulta suas atitudes ao falar ou ao ouvir serão resultado dessa sua formação.
Por isso, ao falar, ouvir, escrever e ler a memória social interfere não apenas na determinação do conteúdo como também na forma como a mensagem é transmitida. Por exemplo, ao ler, ou ouvir, você interpretará se a pessoa que escreve ou fala está sendo irônica, contundente, séria, brincalhona, pois ao transmitir a mensagem ela dará pistas do sentido que pretende comunicar.
Você já percebeu que ao falar deverá ter em mente que esse fenômeno da entonação estará sempre por perto. O resultado será desastroso, por exemplo, se você, que teve uma excelente formação cultural e conviveu com pessoas bem preparadas e, portanto, se impregnou dessa marca social, falar com pessoas que não tiveram a mesma formação como se pudessem perceber com facilidade suas brincadeiras e as sutilezas de sua linguagem. Nessas circunstâncias, como já vimos, você deverá produzir e comunicar sua mensagem considerando essa característica diversa dos seus interlocutores. E entender também que a sua atuação alcançará êxito se souber se comunicar levando em conta as expectativas que essas pessoas têm com relação ao seu desempenho, ao assunto abordado e à maneira como ele está sendo tratado.


Comandando a ação do corpo

É por meio da entonação que o corpo, em particular o aparelho fonador, é ativado. Antes mesmo de as palavras, que irão corporificar as idéias, serem pronunciadas o corpo já foi despertado e se movimentou. Por causa desse princípio você perceberá com facilidade que o gesto quase sempre vem antes ou junto com as palavras, não depois. Por esse motivo, o que é exteriorizado pelo corpo se caracteriza como um prolongamento da mensagem interior com toda carga de significação que ela possui, com suas avaliações e classificações e, de forma mais acentuada ainda, a entonação que ela contém. Especialmente a fisionomia, que é a parte mais expressiva do corpo, pode determinar ou não a coerência entre a mensagem transmitida pelas palavras e a mensagem comunicada pelo corpo. Tanto assim que, às vezes, há necessidade de uma certa interpretação para que o corpo corresponda efetivamente ao sentimento que deveria comunicar. Isto é, a pessoa interpretar sua própria verdade - sentir e demonstrar o que está sentindo.
Entretanto, pode ocorrer também a simulação desse sentimento. É o caso do malandro, que, sabendo qual a expectativa que as pessoas têm quando um sentimento existe, age como se estivesse possuído desse sentimento, demonstrando nos seus gestos, na sua postura e na comunicação da sua fisionomia um sentimento que não é seu. Mas o ouvinte, que pela sua memória social aprendeu a identificar a expressão do corpo como uma espécie de revelação de um sentimento, é enganado na sua avaliação. A mesma análise serve para a atuação do artista, que demonstra no seu comportamento um sentimento que não é seu, mas sim da personagem que interpreta.


Influências externas

Galbraith afirma que uma pessoa é avaliada por três fatores essenciais: pela sua personalidade, pela propriedade que possui e pela organização a que pertence. A partir desses três fatores o ouvinte irá identificar o nível econômico-cultural-social, a formação, o poder, a autoridade, enfim, fará uma avaliação de quem é a pessoa. Esse conjunto de fatores tem extraordinária influência no sentido da mensagem. A mesma mensagem transmitida da mesma maneira por pessoas com esses três fatores distintos será interpretada também de maneira totalmente diversa. Há em São Paulo um tradicional restaurante comandado diretamente por seu proprietário, o conhecido nacionalmente Massimo. Esse tipo carismático e comunicativo tem o hábito de recepcionar seus clientes ao pé da escada sempre falando muito alto e brincando com eles, independentemente de serem ministros, artistas consagrados ou um executivo comum. Esse comportamento é aceito com naturalidade por se tratar dele, uma pessoa respeitada pela sua personalidade, pela sua propriedade e por ser dono do restaurante, ou seja, pelo papel que representa na sua organização. A aceitação provavelmente não seria a mesma se essas mesmas atitudes partissem de um dos garçons. Pela conjugação desses três fatores, a posição profissional desse garçom não justificaria intimidade com essas personalidades.
A partir da avaliação desses três fatores você poderá saber qual o comportamento e o tipo de comunicação que deverá manter com as mais diferentes pessoas. Não é raro, por exemplo, um executivo do escalão médio da empresa fazer uma apresentação para a diretoria, e, por ter a posse da palavra diante do grupo, julgar que poderá se comportar como se fosse um de seus amigos íntimos. Essa atitude geralmente é criticada e, por melhor que tenha sido a apresentação, o resultado para esse executivo, por não ter feito uma avaliação adequada, provavelmente será negativa.


O uso da língua como atributo

Embora você viva em sociedade, será visto e percebido sempre a partir de sua individualidade. Por exemplo, há uma norma da língua estabelecida para que as pessoas se comuniquem, mas a maneira como você faz uso dessa norma é particular, própria sua. Você será avaliado pela maneira como constrói as frases, conjuga os verbos, faz as concordâncias. As pessoas observarão a maneira como você usa a língua para fazer uma avaliação a seu respeito. Esse é um dos pontos mais importantes, senão o mais relevante, referente à entonação. Alguém que se apresente com erros gramaticais, construindo frases defeituosas e incompletas será visto como pessoa despreparada e sua mensagem será avaliada por essa identificação. Por mais importante que seja a informação, a influência dela estará subordinada a essa avaliação do uso da língua. Da mesma forma, ao falar, pela maneira como usa a língua, você estará também fazendo uma avaliação do seu ouvinte. Isto é, o uso da língua tanto serve de base para a avaliação que o ouvinte faz de você, como constitui importante indicador da avaliação que você faz do ouvinte.


Entonação é complemento

A comunicação, a partir dos seus mais diversos componentes como a voz, o vocabulário, a expressão corporal, só se completa e define seu sentido a partir da entonação. Na verdade, como já vimos, é a entonação que age como espécie de estopim para que o corpo e os demais aspectos da comunicação passem a funcionar.
Quando você fala, a voz, a pausa, o ritmo, o gesto, a expressão facial, as palavras e todos os aspectos envolvidos no processo de comunicação irão se completar com a participação permanente, e que na verdade os antecedeu, da entonação. É possível afirmar que toda a nossa vida, considerando aí os preconceitos que carregamos, as mágoas, alegrias, expectativas, transparece na nossa maneira de falar por causa da entonação. Lembrando mais uma vez que não é apenas nossa vida, mas também a vida de cada um dos ouvintes, com as quais interagimos dando sentido e finalidade à mensagem transmitida.
Mesmo um discurso escrito por outra pessoa, que ao ser lido aparentemente representaria apenas as intenções de quem o produziu, não está isento desse fenômeno. Primeiro, porque quem o escreveu levou em conta o que a pessoa que iria ler tinha como expectativa e o que os ouvintes também esperavam ouvir. Depois, ao ser pronunciado, associado às intenções de quem o escreveu há a interferência de todos os fatores que analisamos até aqui na maneira de se expressar de quem faz a leitura.
Portanto, a entonação atua como causa e conseqüência na produção, na interpretação e no sentido final da mensagem. Talvez seja um dos aspectos mais importantes da comunicação, porque, conforme foi possível demonstrar, todos eles se originam, são despertados e se completam a partir desse fenômeno.

Reinaldo Polito
Revista Vencer nº 52

A doutrina da reencarnação desconhece a graça de Deus


O que a reencarnação é
A reencarnação é uma crença pagã e muito antiga sem o menor fundamento bíblico. Faz parte de muitas religiões tribais, do budismo, do hinduísmo, do espiritismo e da Nova Era. Ensina a pluralidade das existências, “em virtude da qual todas as criaturas humanas, em sucessivas encarnações, vão evoluindo gradativamente, quer no plano intelectual, quer no plano moral, enquanto que, ao mesmo passo, vão resgatando erros e crimes do passado”. O objetivo da reencarnação, diz o próprio Kardec, é a “expiação, o melhoramento progressivo da humanidade”. As novas encarnações podem se dar aqui na terra ou em outros corpos celestes, de nível moral superior ao nosso. O espírito de um homem pode encarnar no corpo de uma mulher e vice-versa.
Em que se basei
A doutrina da reencarnação procura assentar suas bases na revelação dos espíritos. Detalhes fantásticos são aceitos e atribuídos a eles. Quando Jesus disse: “Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora” (Jo 16.12), Ele estaria se referindo a outras revelações, inclusive à lei da reencarnação, que viriam a seu tempo por intermédio dos espíritos superiores com o concurso de diversos médiuns, o que chega a ser séria irreverência para quem conhece e preza a Palavra de Deus. Além disso, a reencarnação seria a explicação para o sofrimento humano e para uma série de fenômenos, tais como a existência de crianças-prodígio, as reminiscências, as faculdades supranormais de animais etc. A doutrina firma-se ainda na tentativa de afastar para longe e para sempre a idéia do juízo final, pois, por meio dela, quer queiram quer não, com menor ou maior demora, todos os homens chegarão ao estado de perfeição e pureza que Deus exige, por esforço e moto próprios.
Confrontando com a Bíblia
Ninguém se iluda: uma vez aceita a reencarnação, as principais doutrinas do cristianismo são reduzidas a nada. A atriz Eva Wilma estava tremendamente enganada quando declarou ao Jornal Espírita que não acha “o espiritismo conflitante com o catolicismo”.
Apesar de o espiritismo se gloriar de não ser materialista por acreditar, acertadamente, que o homem não é só corpo, o sistema deixa o homem sozinho em seus anseios de salvação. Não há lugar na doutrina espírita para a mais importante mensagem da Bíblia — Jesus “veio buscar e salvar o perdido” (Lc 19.10). Não se conta a expiação de nossos pecados “mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas” (Hb 10.10). O véu do templo não se rasgou em duas partes, de alto a baixo, naquela sexta-feira da Paixão (Mc 15.38) e nós não podemos entrar no Santo dos Santos pelo sangue de Jesus (Hb 10.19). Não é necessário confessar pecados, pois não há perdão; Cristo não é a propiciação pelos nossos pecados (1 Jo 1.9; 2.2). Deus não amou ao mundo de tal maneira a dar seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3.16). Paulo estava errado quando declarou: “Pela graça sois salvos, mediante a fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8-9). O escrito de dívida que era contra nós não foi removido nem encravado na cruz (Cl 2.14). O ladrão que se arrependeu e creu ali na cruz, junto a Jesus, não se salvou nem foi levado para o Paraíso (Lc 23.43). O castigo que nos traz a paz nunca esteve sobre Ele, Jesus (Is 53.5), mas repousa implacavelmente sobre nós, indefinidamente.
Aquele que crê na reencarnação obriga-se a rejeitar a doutrina das últimas coisas conforme apresentada na Bíblia. Para ele não haverá salvos e perdidos, não obstante as palavras de Jesus (Mt 13.41-42, 49-50; 25.46). O juízo final é algo meramente simbólico. Os injustos, contemporâneos a Noé e a Ló, não estão, sob castigo, reservados para o dia do juízo (2 Pe 2.4-11). A ressurreição dos mortos não deve ser entendida como Paulo ensinou: “Semeia-se o corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção” (1 Co 15.42), pois entre a morte e a “ressurreição” se darão intermináveis novas encarnações. A destruição dos céus e da terra que agora existem (2 Pe 1.13) será um fenômeno natural, e quando isto suceder, daqui a milhões de anos, a terra já estará desabitada, pois os seres humanos “terão atingido um nível evolutivo em que o plano terreno não mais lhes servirá de morada”.
O que fazer
A doutrina da reencarnação é tão oposta à Bíblia, que se impõe uma opção como aquela que Elias colocou diante de Israel: “Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o; se é Baal, segui-o” (1 Rs 18.21). No caso das múltiplas existências, a primeira opção terá de ser entre o Espírito Santo de Deus e os espíritos de que falam os espíritas, entre a autoridade das Escrituras Sagradas e a codificação de Allan Kardec, entre o absolutamente certo dos Evangelhos (At 2.36) e a ficção reencarnacionista. Sobre uma coisa não haja dúvida: é inútil qualquer tentativa de harmonizar o verdadeiro cristianismo com o espiritismo.

sábado, 25 de março de 2017

A DOÇURA DA OBEDIÊNCIA

    As aguas de  Mara  seguiram-se  a   Pascoa,  esta  verdadeiro simbolo da salvacao. Sob o  cruel   cativeiro  do  Farao,  os filhos de Israel viveram como   escravos  no  Egito  por  400 anos. (O Egito serve como tipo do mundo; Farao, como  figura de Satanas.) Quando o  anjo  da  morte   passou  pelo  Egito, matando  todo  primogenito  do   sexo  masculino,  livrou  as habitacoes onde viu o sangue do cordeiro  no  batente.  Isto prefigura nossa salvacao:  vivendo   no  mundo,  escravos  do pecado, sob o  dominio  de   Satanas,  encontramos  liberdade atraves do sangue de Jesus aplicado pela fe  no  batente  do nosso coracao. Passamos, assim, da morte para a   vida  (Joao 5.24).     Se a Pascoa havia passado, o lenho nao  podia  simbolizar   a cruz salvacao. Se o lenho representava a cruz, examinemos  o seu significado na vida do crente. A  cruz  ocupa  lugar  de preeminencia, pois e aqui que todo crente  deve  viver.  Foi isto que Jesus quis dizer ao afirmar: "Se  alguem  quer  vir apos mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me" (Lucas 9.23). A cruz deve ser lugar de crucificacao diaria, para que voce nao viva independente dEle.     Qual a licao de Mara? Nao sera que,  mesmo  como  filhos   de Deus, enfrentaremos situacoes dificeis - provas? Todavia,  o amargo pode tornar-se doce e agradavel mediante o madeiro, o lugar da crucificacao. Ali deixo a cruz fazer o  seu  efeito sobre a minha vida, enquanto morro para minha vontade.     Quantas vezes voce ja se viu perdendo a calma, dando lugar a ira, sentindo sua fe pequenina e deixando brotar  um  amargo em seu coracao? O amargo poderia ter sido doce se voce tivesse  dito,  pela fe: "Senhor, embora o que  estejam  fazendo  seja  errado  e dificil de  aceitar,   nao  reagirei  de  acordo  com  o  meu temperamento. Escolho tomar a minha cruz e seguir-te - andar como andarias".     E doce a obediencia. Ela nao nos permite transbordar  o  fel da desobediencia.

quinta-feira, 23 de março de 2017

A Conduta

A CONDUTA
"A conduta é um espelho no qual todos exibem a sua imagem." Johann Wolfgang von Goethe
Certo dia, um casal ao chegar do trabalho encontrou algumas pessoas dentro de sua casa. Achando que eram ladrões, marido e mulher ficaram assustados, mas um homem forte e saudável, com corpo de halterofilista disse: - Calma pessoal, nós somos velhos conhecidos e estamos em toda parte do mundo. - Mas quem são vocês? - pergunta a mulher. - Eu sou a Preguiça - responde o homem másculo. - Estamos aqui para que vocês escolham um de nós para sair definitivamente da vida de vocês. - Como pode você ser a preguiça se tem um corpo de atleta que vive malhando e praticando esportes? - indagou a mulher. - A preguiça é forte como um touro e pesa toneladas nos ombros dos preguiçosos, com ela ninguém pode chegar a ser um vencedor. Uma mulher velha curvada, com a pele muito enrugada, que mais parecia uma bruxa diz: - Eu, meus filhos, sou a Luxúria. - Não é possível! - diz o homem - Você não pode atrair ninguém com essa feiúra. - Não há feiúra para a luxúria, queridos. Sou velha porque existo há muito tempo entre os homens; sou capaz de destruir famílias inteiras, perverter crianças e trazer doenças para todos até a morte. Sou astuta e posso me disfarçar na mais bela mulher. E um mau-cheiroso homem, vestindo roupas maltrapilhas, que mais parecia um mendigo, diz: - Eu sou a Cobiça, por mim muitos já mataram, por mim muitos abandonaram famílias e pátria; sou tão antigo quanto a Luxúria, mas eu não dependo dela para existir. - E eu, sou a Gula. - diz uma lindíssima mulher com um corpo escultural e cintura finíssima. Seus contornos eram perfeitos e tudo no corpo dela tinha harmonia de forma e movimentos. Assustam-se os donos da casa, e a mulher diz: - Sempre imaginei que a gula seria gorda. - Isso é o que vocês pensam! - responde ela. - Sou bela e atraente, porque se assim não fosse seria muito fácil livrarem-se de mim. Minha natureza é delicada, normalmente sou discreta, quem tem a mim não se apercebe, mostro-me sempre disposta a ajudar na busca da luxúria. Sentado em uma cadeira num canto da casa, um senhor, também velho, mas com o semblante bastante sereno, com voz doce e movimentos suaves, diz: - Eu sou a Ira. Alguns me conhecem como cólera. Tenho muitos milênios também. Não sou homem, nem mulher, assim como meus companheiros que estão aqui. - Ira? Parece mais o vovô que todos gostariam de ter! - diz a dona da casa. - E a grande maioria me tem! - responde o vovô. - Matam com crueldade, provocam brigas horríveis e destroem cidades quando me aproximo. Sou capaz de eliminar qualquer sentimento diferente de mim, posso estar em qualquer lugar e penetrar nas mais protegidas casas. Mostro-me calmo e sereno para mostrar-lhes que a Ira pode estar no aparentemente manso. Posso também ficar contido no íntimo das pessoas sem me manifestar, provocando úlceras, câncer e as mais temíveis doenças. - Eu sou a Inveja. Faço parte da história do homem desde a sua criação, - diz uma jovem que ostentava uma coroa de ouro cravada de diamantes, usava braceletes de brilhantes e roupas de fino pano, assemelhando-se a uma princesa rica e poderosa. - Como inveja, se é rica e bonita e parece ter tudo o que deseja? -diz a mulher da casa. - Há os que são ricos, os que são poderosos, os que são famosos e os que não são nada disso, mas eu estou entre todos. A inveja surge pelo que não se tem e o que não se tem é a felicidade. Felicidade depende de amor, e isso é o que de mais carece a humanidade... Onde eu estou, esta também a Tristeza. Enquanto os invasores se explicavam, um garoto, que aparentava cerca de cinco a seis anos, brincava pela casa. Sorridente e de aparência inocente, característica das crianças, sua face de delicados traços mostravam a plenitude da jovialidade, olhos vívidos... E você, garoto, o que faz junto a esses que parecem ser a personificação do mal? O garoto responde com um sorriso largo e olhar profundo: - Eu sou o Orgulho. - Orgulho? Mas você é apenas uma criança? Tão inocente como todas as outras. O semblante do garoto tomou um ar de seriedade que assustou o casal, e ele então diz: - O orgulho é como uma criança mesmo, mostra-se inocente e inofensivo, mas não se enganem, sou tão destrutível quanto todos aqui, quer brincar comigo? A Preguiça interrompe a conversa e diz: - Vocês devem escolher quem de nós sairá definitivamente de suas vidas. Queremos uma resposta. O homem da casa responde: - Por favor, dêem dez minutos para que possamos pensar. O casal se dirige para seu quarto e lá fazem várias considerações. Dez minutos depois retornam. - E então? - pergunta a Gula. - Queremos que o Orgulho saia de nossas vidas. O garoto olha com um olhar fulminante para o casal, pois queria continuar ali. Porém, respeitando a decisão dirige-se para a saída. Os outros, em silêncio, iam acompanhando o garoto quando o homem da casa pergunta: - Ei! Vocês vão embora também? O Menino, agora com ar severo e com a voz forte de um orador experiente, diz: - Escolheram que o Orgulho saísse de suas vidas e fizeram a melhor escolha, Porque onde não há orgurlho não há Preguiça pois os preguiçosos são aqueles que se orgulham de nada fazer para viver, não percebendo que na verdade vegetam. Onde não há orgulho não há luxúria pois os luxuriosos têm orgulho de seus corpos e julgam-se merecedores. Onde não há orgulho, não há cobiça pois os cobiçosos têm orgulho das migalhas que possuem, juntando tesouros na terra e invejando a felicidade alheia, não percebendo que na verdade são instrumentos do dinheiro. Onde não há orguho não há gula pois os gulosos se orgulham de suas condição e jamais admitem que o são, arrumam desculpas para justificar a gula, não percebendo que na verdade são marionetes dos desejos. Onde não há orgulho, não há ira, pois os irosos com facilidade destroem aqueles que, segundo o próprio julgamento, não são perfeitos, não percebendo que na verdade sua ira é resultado de suas próprias imperfeições. Onde não há orgulho não há inveja, pois os invejosos sentem o orgulho ferido ao verem o sucesso alheio seja ele qual for; precisam constantemente superar os demais nas conquistas, não percebendo que na verdade são ferramentas da insegurança. Saíram todos sem olhar para trás, e, ao baterem a porta, um fulminante raio de luz invadiu o recinto. "Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida." I João 5.12

quarta-feira, 22 de março de 2017

O CHAMADO DE ABRAÃO


Gn 12.1-3 "Ora, o SENHOR disse a Abrão: Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome, e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra."
A chamada de Abrão (posteriormente chamado Abraão, 17.5), conforme a narrativa de Gênesis 12, dá início a um novo capítulo na revelação do AT sobre o propósito divino de redimir e salvar a raça humana. A intenção de Deus era que houvesse um homem que o conhecesse e o servisse e guardasse os seus caminhos (ver 18.19 nota). Dessa família surgiria uma nação escolhida, de pessoas que se separassem das práticas ímpias doutras nações, para fazerem a vontade de Deus.
Dessa nação viria Jesus Cristo, o Salvador do mundo, o prometido descendente da mulher (ver 3.15 nota; Gl 3.8,16,18). Vários princípios importantes podem ser deduzidos da chamada de Abraão.
(1) A chamada de Abraão levou-o a separar-se da sua pátria, do seu povo e dos seus familiares (12.1), para tornar-se estrangeiro e peregrino na terra (Hb 11.13). Em Abraão, Deus estava estabelecendo o princípio importante de que os seus deviam separar-se de tudo quanto possa impedir o propósito divino na vida deles (ver os estudos A SEPARAÇÃO ESPIRITUAL DO CRENTE e O RELACIONAMENTO ENTRE O CRENTE E O MUNDO.).
(2) Deus prometeu a Abraão uma terra, uma grande nação através dos seus descendentes e uma bênção que alcançaria todas as nações da terra (12.2,3). O NT ensina claramente que a última parte dessa promessa cumpre-se hoje na proclamação missionária do evangelho de Cristo (At 3.25; Gl 3.8).
(3) Além disso, a chamada de Abraão envolvia, não somente uma pátria terrestre, bem como uma celestial. Sua visão alcançava um lar definitivo não mais na terra, e sim no céu; uma cidade cujo artífice e construtor é o próprio Deus. A partir de então, Abraão desejava e buscava uma pátria celestial onde habitaria eternamente com Deus em justiça, alegria e paz (Hb 11.9,10,14-16; Ap 21.1-4; 22.1-5). Até então, ele seria estrangeiro e peregrino na terra (Hb 11.9,13).
(4) A chamada de Abraão continha não somente promessas, como também compromissos. Deus requeria de Abraão tanto a obediência quanto a dedicação pessoal a Ele como Senhor para que recebesse aquilo que lhe fora prometido. A obediência e a dedicação demandavam: (a) confiança na palavra de Deus, mesmo quando o cumprimento das promessas parecia humanamente impossível (15.1-6; 18.10-14), (b) obediência à ordem de Deus para deixar a sua terra (12.4; Hb 11.8), e (c) um esforço sincero para viver uma vida de retidão (17.1,2).
(5) A promessa de Deus a Abraão e a sua bênção sobre ele, estendem-se, não somente aos seus descendentes físicos (i.e., os judeus crentes), como também a todos aqueles que com fé genuína (12.3) aceitarem e seguirem a Jesus Cristo, a verdadeira "posteridade" de Abraão (Gl 3.14,16). Todos os que são da fé como Abraão, são "filhos de Abraão" (Gl 3.7) e são abençoados juntamente com ele (Gl 3.9). Tornam-se posteridade de Abraão, herdeiros segundo a promessa (Gl 3.29), o que inclui o receber pela fé "a promessa do Espírito" em Cristo Jesus (ver Gl 3.14 nota).
(6) Por Abraão possuir uma fé em Deus, expressa pela obediência, dele se diz que é o principal exemplo da verdadeira fé salvífica (15.6; Rm 4.1-5,16-24; Gl 3.6-9; Hb 11.8-19; Tg 2.21-23; ver 15.6 nota). Biblicamente, qualquer profissão de fé em Jesus Cristo como Salvador que não requer obediência a Ele como Senhor não é a classe de fé que Abraão possuía e, portanto, não é a verdadeira fé salvífica (ver Jo 3.36 nota; e o estudo FÉ E GRAÇA).