quinta-feira, 15 de outubro de 2015

PERSEVERANÇA DOS SANTOS

Uma reflexão para pessoas em situações difíceis (pecados graves, pecados que não saem, pecados que causam desesperança)


A vida do cristão pode ser, com certeza, caracterizada de derrotas espirituais e quedas. Claro, essa é uma condição temporária e circunstancial, portanto, se você é um verdadeiro confesso, poderá cair em muitas armadilhas e pecados persistentes.
É importante entender que, não há um só dia que o homem – mesmo depois de regenerado – não peque ou não se rebele em algum nível contra a santidade divina. Por isso, é necessário saber que: a base da preservação e perseverança começa tão somente na graça e misericórdia divina. O Cristianismo de alguém nunca é medido pelo seu desempenho [visto que o desempenho do homem é vaidade e pecaminoso em si mesmo], mas unicamente pela eficácia perfeita da obra de Jesus na cruz.

Você caiu em um pecado que geralmente persiste em lhe assolar?

A Palavra destaca a reação do justo e do ímpio em relação à circunstância de queda e derrota.
Se você tão somente crer e não ser rebelde, poderá receber a graça e misericórdia do Senhor: 
“pois ainda que o justo caia sete vezes, tornará a erguer-se, mas os ímpios são arrastados pela calamidade" (Provérbios 24:16).
Você deve, agora mesmo erguer-se, não importa quantas vezes tenha caído. Levante-se e olhe para a cruz, arrependa-se do seu pecado e suplique – de forma contrita e humilhada – o perdão do Pai em nome de Cristo Jesus. Se você, pela força sobrepujante do efeito devastador da derrota e queda para o pecado decide ficar num estado de inércia e tristeza sem qualquer inclinação de ódio para o pecado cometido, então você será arrastado pela calamidade de uma vida miserável, e o Senhor certamente te punirá. É importante saber que, embora o justo, EVENTUALMENTE caia, o ímpio é alguém que nunca REALMENTE se ergue pela graça divina, ele permanece em sua condição de autocomiseração e caracteriza mais um coração ímpio do que uma vida regenerada. 
Agora, embora você deva erguer-se imediatamente na direção oposta ao pecado cometido, num ato de total arrependimento é necessário saber que essa disposição da mente e do coração é pura obra de Deus. Portanto, o “erguer-se” deve ser definido em termos de arrependimento radical, mas o arrependimento real e sincero é o resultado da confissão. Aliás, a vida regenerada é marcada por confissão de pecados, além de ser evidenciada pelo crescimento em graça e arrependimento, ou seja, à medida que você percebe mais da misericórdia e do perdão divino, maior DEVE ser constrangido pelo amor de Deus em Jesus. Consequentemente, mais apto para resistir ao pecado persistente.
Da confissão do pecado deve fluir a graça do arrependimento real e verdadeiro, o arrependimento PARA A VIDA, o arrependimento por mudança.
Então, a graça que move a tua alma para o arrependimento imediato é aquela que flui da verdadeira confissão:
Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça. - 1 João 1:9
Perceba, a FIDELIDADE DIVINA, é que garante a condição de que ELE te perdoe. E NÃO SOMENTE ISSO, também te PURIFICARÁ.
Se somos infiéis, ele permanece fiel, pois não pode negar-se a si mesmo. (2Tm 2:13) portanto visto que Ele não pode negar a si mesmo, Ele sempre será fiel, e portanto todas as suas palavras são VERDADEIRAS.
Ora, se todas as Palavras do Senhor são verdadeiras, então, é verdade também que SE VOCÊ CONFESSAR SEUS PECADOS [1] ele te PERDOARÁ os pecados e [2] purificará deles.
Ele não somente absorve (e isso se dá pelo fato de QUE você deve CONFIAR UNICAMENTE na obra redentora de Jesus e lhe devotar a glória) o pecado cometido, COMO o mesmo Deus, pelo poder do SANTO ESPÍRITO te purifica do poder devastador do pecado, CONFORME você é moldado à imagem do Filho.
Consegue perceber? O filho de Deus é alguém que persevera, mas a perseverança dEle se dá porque:
1.    Deus é fiel a si mesmo [e você deve pela fé confiar nesse glorioso fato],
2.    a fidelidade dEle fornece a condição para uma vida de perdão e purificação, isto é, uma condição de confissão e arrependimento de pecado,
3.    você, pela fé em Jesus, exerce a inteira confiança no fato de que a sua perseverança é fortalecida na medida em que concebe seus pecados como sempre perdoados pela infinita justiça que Cristo imputa em nossa conta [isto se você é um filho de Deus realmente] e
4.    pelo fato que o SENHOR e Pai de tua alma, pelo Espírito, te purificará [você deve se apropriar principalmente disto!] dos pecados.
A purificação do pecado DEVE SER o resultado final de uma vida de confissão e arrependimento, e isso está apontando para aquilo que chamamos de SANTIFICAÇÃO.
Embora Deus te perdoe os muitos e agressivos pecados, sua vida deve ser marcada pelo progressivo crescimento na graça e isso exige uma luta intensa contra o PECADO, e uma luta intensa contra o PECADO exige uma maior devoção no conhecimento da Palavra e uma maior submissão e obediência para com o Deus vivo.
LEMBRE: Cristo, por sua OBEDIÊNCIA PERFEITA e morte expiatória na cruz, te fornece, pela fé, o perdão desse pecado miserável.
ARREPENDA-SE: Diante do fato anterior [do LEMBRE!] você deve chegar, contrito e humilhado, ao trono de Deus e apresentar a Ele unicamente a obra de Jesus e um real compromisso de voltar-se para a glória dEle, amando-o e odiando o pecado cada vez mais.
RETORNE: Depois de arrepender-se, erga-se, lembre-se do Cordeiro e do perdão obtido por Ele pra VOCÊ, e receba a purificação de pecados para uma vida de brilho radical pela paixão de servi-lo de forma mais adequada.
Não desanime, PORÉM, se você falhar em ouvir essas palavras, o verso de provérbios que lhe foi apresentado no início se confirmará em sua vida, isto é, se você não ouvir as minhas palavras e não observá-las IMEDIATAMENTE pelo arrependimento, você será reputado e evidenciado um ímpio carregado pela CALAMIDADE, pelo pecado, pela adversidade... e dura coisa é CAIR NAS MÃOS DO DEUS VIVO.
O Senhor te dê graças. Quem tem ouvidos, ouça. Se você ouvir a Cristo, Ele te iluminará e te concederá vida em abundância.

Receba, peça GRAÇA, o perdão divino. Erga-se ó justo.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Reforma evangélica urgente em solo brasileiro


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Por Pr. Marcos Sampaio


Ao olharmos para a história recente da igreja evangélica no Brasil, podemos perceber que houve avanços sem precedentes do evangelicalismo por boa parte do país. Entretanto, a igreja evangélica brasileira tem sofrido também sérias transformações e estranhas ao cristianismo bíblico, devastando muitas congregações, até mesmo aquelas que no passado eram conservadoras dos fundamentos da fé cristã.
Uma tendência pragmática e humanista tem silenciosamente minado os princípios do cristianismo bíblico. A experiência e a opinião popular têm sido mais autoritárias do que a Bíblia para determinar o que muitos crentes acreditam e praticam hoje. A psicologia secular, por exemplo, está praticamente superando a Palavra de Deus em muitos púlpitos evangélicos brasileiros, não oferecendo mais do que experiências de auto-ajuda, em vez de respostas sólidas a partir da Bíblia. Tornou-se modismo renunciar o ensino da Palavra nos cultos dominicais. Em vez disso, muitas igrejas têm investido em teatros com seus dramas e novelas, músicas extravagantes e outras formas de entretenimento para atrair as grandes multidões.



Cristo não é mais o foco da mensagem do evangelho tão banalizado em nossa época. Podemos até ouvir o seu Nome ao longo de uma reunião, mas o foco real são as coisas desta vida. As pessoas são incitadas a olhar para dentro de si mesmas para tentar se entender, para vir a enfrentar seus problemas e dilemas, suas dores, seus desapontamentos, ter suas necessidades atendidas e os seus desejos cumpridos. Quase que todas as versões desse tipo de cristianismo popular são incentivar e legitimar uma perspectiva de auto-satisfação e nada mais do que isso. Podemos ainda citar as mazelas da teologia da prosperidade, o mercantilismo gospel e a banalização da graça.
Não podemos ficar calados diante desta dura realidade do cenário evangélico, no Brasil.
Como vamos sustentar a ideia de um evangelho ao gosto do freguês, onde carregar a cruz para muitos é apenas uma opção e não uma exigência cristã? O que falar das igrejas que transformaram seus templos em um lugar de show e entretenimento religioso? E a mensagem diluída que cada vez mais ocupa os púlpitos de muitas igrejas evangélicas e com isso a verdade bíblica já não é mais absoluta e a regra de fé e prática?
Que Deus nos conceda uma reforma profunda em solo brasileiro, para que de fato aconteça uma redescoberta da beleza do cristianismo bíblico centrado em Deus.

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Sobre o autor: Marcos Sampaio é teólogo e pastor da Igreja Batista da Caputera, Angra dos Reis-RJ.
Divulgação: Bereianos


As doutrinas da graça e a paixão pelas almas dos homens



Porque eu mesmo desejaria ser anátema, separado de Cristo, por amor de meus irmãos. (Romanos 9.3)
A preocupação com a salvação dos outros não é anulada pela crença naquilo que chamamos “As Doutrinas da Graça”. Tal preocupação não diminui por crermos na soberania divina, na predestinação e na eleição. Muitas pessoas demonstram intensa antipatia às idéias expressas nestes últimos vocábulos. Recusam-se a aceitá-las, porque, em suas mentes, tais idéias estão associadas ao conceito de indiferença apática. Estas pessoas dizem que, se a predestinação é verdadeira, conclui-se que um homem não pode fazer nada por sua própria salvação; se tiver de ser salvo, ele o será, não podendo fazer coisa alguma para isso, nem ele nem qualquer outra pessoa precisa se importar com isso.
Mas isto não é verdade; eu o provarei mediante o fato de que o próprio Paulo, o grande porta-voz dessas doutrinas nas Escrituras, pronunciou essas palavras de interesse e amor ardente, em favor da salvação dos outros, vinculando-as intimamente às passagens em que ele ensinou as doutrinas da graça. Volte os seus olhos a algumas frases anteriores a Romanos 9.3 e encontrará a própria passagem sobre a qual muitos tropeçam. “E aos que predestinou” — muitas pessoas estremecem ao ouvir essas palavras — “a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou” (Rm 8.30).
Apenas um pouco depois de Paulo ter proferido essas palavras, das quais muitos pretendem inferir a idéia de que, crendo nelas, o homem não precisa se preocupar com a sua salvação ou com a salvação dos outros, vieram aquelas palavras cheias de paixão que constituem nosso versículo texto. E isso não é tudo, pois você encontrará logo em seguida, o texto onde Paulo falou sobre Esaú e Jacó, afirmando que Deus estabeleceu uma diferença entre eles, antes mesmo de nascerem, e onde disse, a respeito de Faraó, que Deus o havia levantado para demonstrar o Seu poder e declarar o Seu nome em toda a terra. “Logo, tem ele misericórdia de quem quer e também endurece a quem lhe apraz.” Algumas boas pessoas chegam a estremecer diante da inferência que lhes parece inevitável de uma linguagem como esta. Mas eu digo que esta inferência deve estar errada, pois o homem inspirado, que proferiu essas palavras, apenas alguns momentos antes havia pronunciado as palavras de nosso versículo texto.
E, sempre que você perceber que seu coração ou o coração de um amigo está propenso a fugir desses grandes ensinamentos das Escrituras divinas, com relação à soberania e a predestinação, então eu oro para que você não discuta sobre isto, mas que se volte a esse texto bíblico, expresso em linguagem de tão grande preocupação em favor da salvação dos outros, de forma tão intensamente cheia de paixão, que os homens se admirarão e certamente dirão que tais palavras não podem significar o que elas realmente dizem. O problema é que neste caso, e em muitos outros, tiramos inferências sem fundamento dos ensinamentos da Palavra de Deus e jogamos todo o nosso ódio para com essas inferências sobre as verdades que delas extraímos. Ora, qualquer coisa considerada como verdade, a favor ou contra a doutrina do apóstolo acerca da predestinação e da soberania divina na salvação, eu afirmo que isto não torna um homem indiferente à sua própria salvação e à salvação dos outros; este não foi o efeito sobre Paulo, e entre essas duas grandes passagens encontram-se as maravilhosas palavras de nosso versículo texto.

[Um trecho do sermão intitulado “Preocupação Intensa pela Salvação dos Outros”, do livro Sermons and Addresses, Hodder & Stoughton: Nova Iorque, 1886.]

Fonte: Sítio da Editora Fiel

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

O BATISMO CRISTÃO


Texto: João 1.19-28
A igreja é a organização instituída por Deus para arrebanhar o seu povo. E o batismo é a porta de entrada na igreja.
“O batismo é um sacramento do Novo Testamento, instituído por Jesus Cristo, não só para solenemente admitir na igreja a pessoa batizada, mas também para servi-lhe de sinal e selo do pacto da graça, de sua união com Cristo, da regeneração, da remissão dos pecados e também da sua consagração a Deus por Jesus Cristo a fim de andar em novidade de vida”.(CFW)
Sacramento é uma ordenança sagrada, instituída por Jesus para simbolizar, selar e aplicar ao crente os benefícios da salvação. Jesus instituiu dois sacramentos: o Batismo e a Santa Ceia.
O batismo foi instituído por Jesus Cristo após a sua ressurreição. Ele ordenou aos discípulos: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”(Mt 28.19). “Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado”(Mt 16.16). O batismo corresponde à circuncisão praticada na antiga aliança. A circuncisão foi instituída como sinal e selo do pacto estabelecido com Abraão (Gn 17.9-14;Rm 4.11-13). E o batismo é o sinal e o selo da nossa aliança, estabelecida por Jesus Cristo.
Após ouvir o sermão de Pedro, no dia de Pentecoste, quase três mil pessoas se sentiram tocadas e lhe perguntaram: “Que faremos?”(At 2.37). e a resposta foi: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado”(At 2.38). Mas o batismo, por ser um sacramento da nova aliança, é ainda mais rico de significado do que a circuncisão.

a.     O batismo significa e sela a nossa união com Cristo.

Em Rm 5, Paulo traça um paralelo entre Adão e Cristo. Ele mostra que, quando nascemos, nos identificamos com adão. E, em virtude da queda de nossos primeiros pais, nascemos pecadores. “...por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens porque todos pecaram”(Rm 5.12). Mas quando recebemos Jesus como nosso Senhor e Salvador, nós nos identificamos com ele. “Porque, como pela desobediência de um só homem muitos se tornaram pecadores, assim também por meio da obediência de um só muitos se tornaram justos”(Rm 5.19). Por isso a Bíblia afirma que fomos crucificados (Rm 6.6), morremos (Rm 6,-         8;Cl 3.3;2 Tm 2.11) e ressuscitamos (Ef 2.6; Cl 2,12;3.1) com Cristo. “...um morreu por todos, logo todos morreram”(2Co 5.14), afirmou o apóstolo Paulo. E o batismo significa e sela a nossa união com Cristo. “Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que como Cristo ressuscitou dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida. Porque se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente o seremos também na semelhança da sua ressurreição” (Rm 6.4,5). O batismo significa e sela a nossa participação nas bênçãos do pacto da graça.
Antes da fundação do mundo, o Pai e o filho estabeleceram o pacto da redenção. O Filho “se colocou no lugar do pecador e incumbiu-se de fazer a expiação do pecado, suportando o castigo necessário, e de satisfazer as exigências da lei em lugar de todo seu povo”. Baseado neste pacto, Deus estabeleceu com o homem o pacto da graça. “Pode-se definir a aliança (pacto) da graça como o acordo feito com base na graça, entre o Deus ofendido e o pecador ofensor, porém eleito, no qual Deus promete a salvação mediante a fé em Cristo, e o pecador a aceita confiantemente, prometendo uma vida de fé e obediências”. A promessa principal do pacto da graça é que Deus será o nosso Deus e também da nossa descendência. Esta promessa inclui bênçãos temporais e eternas. Através dela Deus garante nos conduzir nesta vida e nos receber no céu, após a nossa morte. E o batismo significa e sela, essas promessas. “De sorte que já não és escravo, porém filho: e, sendo filho, também herdeiro de Deus”(Gl 4.7). O batismo significa e sela a promessa de pertencermos ao Senhor.
Na cerimônia de recepção de membros, o celebrante costuma dizer às pessoas que estão professando a fé: “A profissão de fé e as solenes promessas que acabais de fazer diante de Deus e desta igreja, sendo sinceras, importam em uma aliança entre vós e Deus, na qual Ele promete ser o vosso único Deus, e prometeis pertencer-Lhe. No batismo que agora vai ser ministrado, Deus vos dá um penhor desta santa aliança”. Nós pertencemos ao Senhor. “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus” (1Pe 2.9). E o batismo é selo da propriedade divina. O batismo é um meio de graça.

b.     O batismo é um meio que Deus usa para nos transmitir bênçãos.

A Confissão de Fé nos lembra que “a eficácia do batismo não se limita ao momento em que é administrado”.
E o Catecismo Maior nos ensina que “o dever necessário, mas muito negligenciado, de tirar proveito do nosso batismo, deve ser cumprido por nós durante a nossa vida, especialmente no tempo da tentação e quando assistimos à administração desse sacramento a outros”.
A forma do batismo não está claramente definida na Bíblia. Homens piedosos, cultos e fiéis, examinando a Escritura têm concluído que o modo correto de se ministrar o batismo é a aspersão. Outros, igualmente piedosos, cultos e fiéis, têm concluído que a forma bíblica é a imersão. Vamos examinar, a seguir, a interpretação dos imersionistas.
a.     Os imersionistas afirmam que a palavra batismo significa imergir. Logo o batismo deve ser aplicado por imersão. A maneira mais simples de se testar se duas palavras são sinônimas é substituir uma pela outra. Se o sentido não se alterar, fica provado que as duas têm o mesmo significado. Vamos aplicar este teste a um texto bíblico onde aparece o verbo batiza: “Ora irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos sob a nuvem, e todos passaram pelo mar tendo todos sido batizados, assim na nuvem, como no mar, com respeito a Moisés” (1Co10.1,2). Substituindo batizar por imergir fica assim: “...tendo sido todos imergidos assim na nuvem, como no mar, ...” Alterou o sentido? É claro. Os israelitas atravessaram o mar de pés enxutos (Ex 14.15-22,29). Não foram imersos no mar, nem na nuvem. Concluímos pois, que neste texto o verbo batizar não é sinônimo de imergir. O argumento imersionista perde a sua força pois o seu pressuposto é que batizar significa sempre imergir.
b.     Os imersionistas argumentam também que o verbo batizar deriva do grego babto e baptizo, que significa imergir. Vamos examinar dois textos onde aparecem estes verbos. O primeiro é Daniel 4.25: “...e serás molhado do orvalho do céu”. Na versão grega do Antigo Testamento, chamada Septuaginta, o verbo molhado é babto. É possível imergir alguém no orvalho do céu? Claro que não é. Logo, aqui bapto não significa, em hipótese nenhuma, imergir. O segundo texto é Lucas 11.38: “O fariseu, porém, admirou-se ao ver que Jesus não se lavava primeiro antes de comer”. No texto grego, lavava é o verbo baptizo. Os judeus se lavavam antes das refeições. Mas, se lavavam como? Marcos registrou esse costume assim: “Os fariseus e todos os judeus, observando a tradição dos anciões, não comem sem lavar cuidadosamente as mãos; quando voltam da praça, não comem sem se aspergirem”(Mc 7.3,4).Comparando estes dois textos, podemos afirmar que em Lucas 11.38 o verbo baptizo significa aspergir e não imergir. Em alguns textos bapto e baptizo significam imergir; em outros significam molhar, tingir e aspergir.
c.      Os imersionistas afirmam também que o fato de João Batista batizar no Rio Jordão significa que ele batizava por imersão. A expressão bíblica “João batizava no Rio Jordão” apenas identifica a região onde João batizava, sem ter nada a ver com o modo como João batizava. Isto fica comprovado pelo registro de João 10.40: “Novamente se retirou para além do Jordão, para o lugar onde João batizava no princípio; e ali permaneceu”.
d.     Argumentam também que se João batizava em Enom, “porque ali havia muitas águas”, isto prova que ele batizava por imersão. Quanto ao registro de que “João estava também batizando em Enom, perto de Salim, porque havia ali muitas águas, e para lá concorria o povo e era batizado” (Jo. 3.23), D. J. Wiseman, professor de Assiriologia na universidade de Londres, afirma que Enom é, em árabe, Ain, que significa fonte. Muitas águas aqui, portanto, dignifica muitas fontes de água. Enom era o lugar apropriado para João batizar, já que multidões iam até ele, e essas multidões precisavam de água para beber e para higiene pessoal. Os imersionistas afirmam que Jesus foi batizado por imersão, porque o registro bíblico afirma que, após ser batizado, Jesus saiu da água.
O fato de Jesus ter saído da água após o batismo não significa que ele tenha sido batizado por imersão. Nem todas as vezes que uma pessoa entra e sai da água materializa-se numa imersão. As vezes uma pessoa entra e sai da água sem molhar nada mais além dos pés. No batismo do eunuco, ele e Filipe desceram à água. Por isto os imersionistas afirmam que o eunuco foi batizado por imersão.
No caso do eunuco, ele seguia pelo caminho. E este, normalmente, fica num nível acima da água. Logo, para ir até onde havia água ele teria que descer. Se descer à água significasse imersão, teríamos que concluir que Filipe também foi imerso, pois o texto bíblico afirma que “ambos desceram à água” (At 8.38). Paulo compara o batismo a um sepultamento. Logo, concluem os imersionistas, o batismo deve ser feito por imersão. Quando Paulo afirmou que fomos sepultados com Cristo na morte pelo batismo (Rm 6.4;Cl 2,12), ele estava se referindo ao significado do batismo, e não ao modo de ministra-lo. Nos mesmos capítulos, Paulo afirma também que fomos circuncidados (Cl 2.11) e crucificados (R 6.6) com Cristo, prova de que ele está tratando da nossa identificação com Cristo, na sua morte, e não da forma de se ministrar o batismo.
Além do que já foi exposto, temos outras dificuldades para aceitar o batismo por imersão. Por exemplo: João Batista batizava multidões (Mt 3,5,6), além de pregar. Será que ele dispunha de tempo e energia física para imergir tanta gente? No dia de Petencoste foram batizadas quase três mil pessoas em Jerusalém. Não havia rio na cidade. Apenas reservatórios de água para uso da população. Seriam tais reservatórios suficientes para imergir três mil pessoas? E se fossem, as autoridades deixariam os apóstolos imergir pessoas em tais reservatórios? O carcereiro de Filipos foi batizado logo depois da meia noite, depois de um terremoto que fendeu as paredes da prisão, provavelmente no pátio da própria prisão, onde residia (At 16.23.33). É possível pensar em imersão num caso como este? Uma pessoa doente ou muito idosa não dispõe de condições físicas para ser batizada por imersão. Será que Jesus adotaria uma forma de batismo que excluiria os doentes e idosos?
Embora a forma do batismo não esteja clara na Bíblia, cremos que muitas evidências apontam para a aspersão, ou seja, para o derramamento de água sobre a cabeça das pessoas que estão sendo batizadas. Vamos examinar algumas destas evidências.
a.     O profeta Malaquias escreveu o seguinte: “Eis que eu envio o meu mensageiro que preparará o caminho diante de mim”(Ml 3.1). E Jesus afirmou que esta profecia se refere a João Batista (Mt 11.10). A mesma profecia diz que o mensageiro “purificará os filhos de Levi” (Ml 3.3). Esta purificação era feita aspergindo água sobre eles (Nm8.5-7). A linguagem da profecia é simbólica. Mas a figura usada é a aspersão. Muitos sacerdotes, filhos de Levi, foram batizados por João Batista. E o mais provável é que tenham sido batizados por aspersão, conforme dá a entender a profecia de Malaquias.
b.     O profeta Ezequiel, profetizando sobre a restauração de Israel, disse: “Então aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados” (Ez 36.25). E o profeta Isaías, (quando profetizou que o SENHOR derramaria o seu Espírito afirmou também que ele derramaria água “sobre o sedento” (Is 44.3). Novamente trata-se de linguagem figurada. Mas a figura usada é a aspersão. Isto nos leva a concluir que a aspersão de água é o modo escolhido por Deus para marcar o seu povo. O batismo de João era, entre outras coisas, a marca de uma nova era. Era o selo colocado sobre as pessoas que se arrependiam de seus pecados. Logo, provavelmente era feito por aspersão.
c.      Jesus falou aos discípulos sobre o batismo com o Espírito Santo, que eles recebiam, usando a mesma construção gramatical usada para falar sobre o batismo com água. “João, na verdade batizou com água mas vós sereis batizados com o Espírito Santo” (At 1.5). No dia de Petencoste eles receberam este batismo: “Ao cumprir-se o dia de Petencoste, estavam todos reunidos no mesmo lugar; ...Todos ficaram cheios do Espírito Santo” (At 2.1,4). Pedro usou esta experiência ao defender-se por ter batizado Cornélio e seus familiares. Ele disse: “Quando comecei a falar, caiu o Espírito Santo sobre eles, como também sobre nós no princípio. Então me lembrei da palavra do Senhor, como disse: João, na verdade, batizou com o Espírito Santo” (At 11.15,16). Observe que no batismo com o Espírito Santo, o Espírito caiu sobre as pessoas. Já que a construção gramatical é a mesma, no batismo com água esta deve cair sobre a pessoa que está sendo batizada.
d.     Ainda que ficasse provado que João Batista batizava por imersão, que Jesus foi batizado por imersão e que os apóstolos batizavam por imersão, poderíamos continuar batizando por aspersão, sem desobedecer à Bíblia Sagrada. Pois no batismo a água é símbolo. Logo não importa a quantidade. Pois é assim que procedemos na Ceia do Senhor. Usamos uma pequena quantidade de pão e vinho, mas sabemos que Jesus usou quantidades normais desses elementos. A ceia celebrada por Jesus era uma refeição. A que celebramos hoje faz parte do culto. E nem por isto estamos desobedecendo ao Senhor.
Como a Bíblia não diz explicitamente a forma como o batismo deve ser feito, praticamos aspersão, pois ela é mais prática – pode ser praticada em qualquer lugar, em qualquer circunstância e com qualquer pessoa, mesmo que o batizando seja um enfermo, muito idoso ou paralítico. A aspersão não discrimina ninguém.

Conclusão

A pessoa que recebeu Jesus como Salvador e Senhor está salva, quer tenha sido batizado ou não. Quem salva é Jesus, e não o batismo. Mas quem recebe Jesus deve também receber o batismo. Jesus e os apóstolos falaram do batismo como uma obrigação e não como uma opção. A nossa Confissão de fé afirma que é “grande pecado desprezar ou negligenciar esta ordenança”.

A experiência tem mostrado que, assim como o sedento anseia pela água, o verdadeiro convertido anseia pelo batismo. 

Culto Familiar


Por A. W. Pink

Existem algumas ordenanças exteriores e meios de graça muito importantes que estão nitidamente implícitos na Palavra de Deus – mas para a prática destes nós temos pouco, quando algum, direcionamento e preceitos positivos; mas, nos é dado a obtê-los a partir do exemplo de homens santos e a partir de diversas circunstâncias secundárias. Uma importante finalidade é respondida por este arranjo: desta forma é feito o julgamento do estado de nossos corações. Isto serve para fazer evidente, se por um comando expresso não possa ser exigido o seu cumprimento, cristãos professos negligenciarão um dever claramente implícito. Deste modo, mais do estado real de nossas mentes é revelado, e isto torna manifesto se temos ou não um amor ardente a Deus e ao Seu serviço. Isto se aplica tanto ao culto público quanto ao familiar. Ainda assim, não é de todo difícil comprovar a obrigação da piedade doméstica.

Primeiro considere o exemplo de Abraão, o pai da fé e o amigo de Deus. Foi através de sua piedade doméstica que ele recebeu a bênção do próprio Jeová, “Porque eu o escolhi para que ordene a seus filhos e a sua casa depois dele, a fim de que guardem o caminho do SENHOR e pratiquem a justiça e o juízo” (Gênesis 18:19). O patriarca nisto foi elogiado, por instruir seus filhos e servos nos mais importantes de todos os deveres, “o caminho do SENHOR” – a verdade sobre a Sua Gloriosa Pessoa, Seu direito Supremo sobre nós, o que Ele exige de nós. Observem bem as palavras “para que [ele] ordene”, ou seja, ele usaria a autoridade que Deus lhe dera como pai e cabeça de sua casa, para aplicar os deveres da piedade familiar. Abraão também orou com, bem como instruiu a sua família – Aonde quer que fixasse a sua tenda, ali ele “edificou um altar ao Senhor” (Gênesis 12:7; 13:4). Agora, meus leitores, bem podemos perguntar-nos, somos nós a “descendência de Abraão” (Gálatas 3:29) – se nós “não fazemos as obras de Abraão” (João 8:39) e negligenciamos o importante dever do culto em família?

Os exemplos de outros homens santos são semelhantes ao de Abraão. Considere a piedosa determinação de Josué, que declarou a Israel, “porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Josué 24:15). Nem mesmo a elevada posição que ocupava, nem a urgência dos deveres públicos que o pressionavam, distraíram sua atenção do bem-estar espiritual de sua família. Novamente, quando Davi trouxe de volta a arca de Deus para Jerusalém com júbilo e ações de graça, depois do exercício dos seus deveres públicos, ele voltou “para abençoar a sua casa” (2 Samuel 6:20). Além destes eminentes exemplos, podemos citar os casos de Jó (1:5) e de Daniel (6:10). Limitando-nos à somente um [caso] do Novo Testamento, lembramos da história de Timóteo, que foi criado em um lar piedoso. Paulo trouxe à memória a “fé sincera” que havia nele, e acrescentou: “a qual habitou primeiro em tua avó Lóide, e em tua mãe Eunice”. Há aqui uma admiração tal que o apóstolo poderia dizer “E que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras” (2 Timóteo 3:15)!

“Derrama a tua indignação sobre as nações que não te conhecem e sobre os povos que não invocam o teu nome!” Jeremias 10:25. Nós imaginamos quantos de nossos leitores tem ponderado seriamente nestas temíveis palavras! Observem que terríveis ameaças são pronunciadas contra aqueles que negligenciam o culto familiar! Quão inefavelmente grave é descobrir que as famílias que não oram são aqui comparadas aos pagãos, que não conhecem ao SENHOR. Mas, isto não deve nos surpreender. Por que, existem muitas famílias pagãs que se reúnem em adoração aos seus falsos deuses. E eles não envergonham milhares de cristãos professos?

Quão ruidosamente estas palavras deveriam falar a nós. Não é suficiente que oremos individualmente em nossos quartos; também é exigido de nós que honremos a Deus em nossas famílias. A cada dia, todos os familiares devem estar congregados juntos para curvarem-se diante do Senhor – para confessar seus pecados, para dar ações de Graças pelas Misericórdias Divinas, para clamar por Seu auxílio e bênção. Nada deve ser permitido interferir neste dever: todos os demais compromissos domésticos devem ser submetidos a este. O chefe da família deve ser aquele que dirige as devoções – mas se ele estiver ausente – ou gravemente enfermo – ou se não for convertido, então a esposa pode substituí-lo. Sob nenhuma circunstância o culto familiar deve ser omitido. Se pretendemos desfrutar das bênçãos de Deus sobre nossa família – então, façamos com que os membros reúnam-se diariamente para louvar e orar. “Honrarei aqueles que me honram” é a Sua promessa.

Um antigo escritor bem disse, “Uma família sem oração é como uma casa sem telhado, aberta e exposta a todas as tempestades.” Todo o nosso conforto doméstico e misericórdias temporais, emanam da Benignidade do SENHOR. O melhor que podemos fazer em retribuição, é reconhecer agradecidos juntos, Sua bondade para com a nossa família. Desculpas contra o cumprimento deste dever sagrado – são indolentes e inúteis. De que servirá, quando nós prestarmos contas a Deus quanto à mordomia de nossas famílias – dizer que nós não tínhamos tempo disponível, trabalhando muito da manhã até a noite? Quanto mais urgentes são os nossos deveres temporais – maior é a nossa necessidade de buscar auxílio espiritual. Nem tão pouco cristão algum pode alegar que não estava capacitado para tal serviço – dons e talentos são desenvolvidos pelo uso – e não pela negligência.

O culto familiar deve ser realizado reverente, sincera e simplificadamente. Para que então, os pequeninos recebam as suas primeiras impressões e formem a sua concepção inicial a respeito do Senhor Deus.

Precisa-se ter grande cuidado para não dar a eles uma falsa ideia sobre o Caráter Divino, e para isto, deve-se preservar o equilíbrio ao comunicar sobre a Sua Transcendência e imanência, Sua Santidade e Sua Misericórdia, Seu Poder e Sua Ternura, Sua Justiça e Sua Graça. O culto pode ser iniciado com breves palavras de oração invocando a Presença e bênção de Deus. Pode-se seguir com uma pequena passagem da Sua Palavra, com breves comentários sobre a mesma. Dois ou três versos de um Salmo ou hino podem ser cantados. Encerra-se com uma oração de entrega nas Mãos de Deus. Ainda que possamos não ser capazes de orar com eloquência, podemos orar sinceramente. As orações breves são as que geralmente prevalecem. Cuidado para não cansar os mais jovens.

As vantagens e bênçãos do culto familiar são incontáveis.

Primeiro, o culto em família prevenirá muitos pecados. Ele gera temor na alma, transmite um senso da majestade e autoridade de Deus, determina solenes verdades diante da mente, e derrama bênçãos de Deus sobre o lar. Piedade pessoal no lar é um meio mais influente, abaixo de Deus, para estimular a piedade aos pequenos. Crianças são, em grande parte, criaturas de imitação, dedicando-se a copiar o que observam nos outros.

“Ele estabeleceu um testemunho em Jacó, e instituiu uma lei em Israel, e ordenou a nossos pais que os transmitissem a seus filhos, a fim de que a nova geração os conhecesse, filhos que ainda hão de nascer se levantassem e por sua vez os referissem aos seus descendentes; para que pusessem em Deus a sua confiança e não se esquecessem dos feitos de Deus, mas lhe observassem os mandamentos.” (Salmo 78:5-7).

Atualmente, quanto das terríveis condições moral e espiritual das multidões, poderiam ser provenientes da negligência de seus pais neste dever? Como estes que negligenciam o culto a Deus em suas famílias – esperam por paz e conforto nelas? Oração diária em casa é um abençoado meio de graça para dissipar aquelas tristes corrupções das quais nossa ordinária natureza é sujeita.

Finalmente, a oração em família obtém para nós a presença e a bênção do Senhor. Aí está uma promessa de Sua Presença que é particularmente aplicável a este dever, “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles.” Mateus 18:20. Muitos têm encontrado no culto familiar, aquele auxílio e comunhão com Deus os quais eles têm buscado, com menor eficácia, na oração particular.

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Fonte: Eternal Life Ministries
Tradução: Camila Rebeca Almeida
Revisão: William teixeira

Via: O Estandarte de Cristo