quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

O BATISMO CRISTÃO


Texto: João 1.19-28
A igreja é a organização instituída por Deus para arrebanhar o seu povo. E o batismo é a porta de entrada na igreja.
“O batismo é um sacramento do Novo Testamento, instituído por Jesus Cristo, não só para solenemente admitir na igreja a pessoa batizada, mas também para servi-lhe de sinal e selo do pacto da graça, de sua união com Cristo, da regeneração, da remissão dos pecados e também da sua consagração a Deus por Jesus Cristo a fim de andar em novidade de vida”.(CFW)
Sacramento é uma ordenança sagrada, instituída por Jesus para simbolizar, selar e aplicar ao crente os benefícios da salvação. Jesus instituiu dois sacramentos: o Batismo e a Santa Ceia.
O batismo foi instituído por Jesus Cristo após a sua ressurreição. Ele ordenou aos discípulos: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”(Mt 28.19). “Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado”(Mt 16.16). O batismo corresponde à circuncisão praticada na antiga aliança. A circuncisão foi instituída como sinal e selo do pacto estabelecido com Abraão (Gn 17.9-14;Rm 4.11-13). E o batismo é o sinal e o selo da nossa aliança, estabelecida por Jesus Cristo.
Após ouvir o sermão de Pedro, no dia de Pentecoste, quase três mil pessoas se sentiram tocadas e lhe perguntaram: “Que faremos?”(At 2.37). e a resposta foi: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado”(At 2.38). Mas o batismo, por ser um sacramento da nova aliança, é ainda mais rico de significado do que a circuncisão.

a.     O batismo significa e sela a nossa união com Cristo.

Em Rm 5, Paulo traça um paralelo entre Adão e Cristo. Ele mostra que, quando nascemos, nos identificamos com adão. E, em virtude da queda de nossos primeiros pais, nascemos pecadores. “...por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens porque todos pecaram”(Rm 5.12). Mas quando recebemos Jesus como nosso Senhor e Salvador, nós nos identificamos com ele. “Porque, como pela desobediência de um só homem muitos se tornaram pecadores, assim também por meio da obediência de um só muitos se tornaram justos”(Rm 5.19). Por isso a Bíblia afirma que fomos crucificados (Rm 6.6), morremos (Rm 6,-         8;Cl 3.3;2 Tm 2.11) e ressuscitamos (Ef 2.6; Cl 2,12;3.1) com Cristo. “...um morreu por todos, logo todos morreram”(2Co 5.14), afirmou o apóstolo Paulo. E o batismo significa e sela a nossa união com Cristo. “Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que como Cristo ressuscitou dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida. Porque se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente o seremos também na semelhança da sua ressurreição” (Rm 6.4,5). O batismo significa e sela a nossa participação nas bênçãos do pacto da graça.
Antes da fundação do mundo, o Pai e o filho estabeleceram o pacto da redenção. O Filho “se colocou no lugar do pecador e incumbiu-se de fazer a expiação do pecado, suportando o castigo necessário, e de satisfazer as exigências da lei em lugar de todo seu povo”. Baseado neste pacto, Deus estabeleceu com o homem o pacto da graça. “Pode-se definir a aliança (pacto) da graça como o acordo feito com base na graça, entre o Deus ofendido e o pecador ofensor, porém eleito, no qual Deus promete a salvação mediante a fé em Cristo, e o pecador a aceita confiantemente, prometendo uma vida de fé e obediências”. A promessa principal do pacto da graça é que Deus será o nosso Deus e também da nossa descendência. Esta promessa inclui bênçãos temporais e eternas. Através dela Deus garante nos conduzir nesta vida e nos receber no céu, após a nossa morte. E o batismo significa e sela, essas promessas. “De sorte que já não és escravo, porém filho: e, sendo filho, também herdeiro de Deus”(Gl 4.7). O batismo significa e sela a promessa de pertencermos ao Senhor.
Na cerimônia de recepção de membros, o celebrante costuma dizer às pessoas que estão professando a fé: “A profissão de fé e as solenes promessas que acabais de fazer diante de Deus e desta igreja, sendo sinceras, importam em uma aliança entre vós e Deus, na qual Ele promete ser o vosso único Deus, e prometeis pertencer-Lhe. No batismo que agora vai ser ministrado, Deus vos dá um penhor desta santa aliança”. Nós pertencemos ao Senhor. “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus” (1Pe 2.9). E o batismo é selo da propriedade divina. O batismo é um meio de graça.

b.     O batismo é um meio que Deus usa para nos transmitir bênçãos.

A Confissão de Fé nos lembra que “a eficácia do batismo não se limita ao momento em que é administrado”.
E o Catecismo Maior nos ensina que “o dever necessário, mas muito negligenciado, de tirar proveito do nosso batismo, deve ser cumprido por nós durante a nossa vida, especialmente no tempo da tentação e quando assistimos à administração desse sacramento a outros”.
A forma do batismo não está claramente definida na Bíblia. Homens piedosos, cultos e fiéis, examinando a Escritura têm concluído que o modo correto de se ministrar o batismo é a aspersão. Outros, igualmente piedosos, cultos e fiéis, têm concluído que a forma bíblica é a imersão. Vamos examinar, a seguir, a interpretação dos imersionistas.
a.     Os imersionistas afirmam que a palavra batismo significa imergir. Logo o batismo deve ser aplicado por imersão. A maneira mais simples de se testar se duas palavras são sinônimas é substituir uma pela outra. Se o sentido não se alterar, fica provado que as duas têm o mesmo significado. Vamos aplicar este teste a um texto bíblico onde aparece o verbo batiza: “Ora irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos sob a nuvem, e todos passaram pelo mar tendo todos sido batizados, assim na nuvem, como no mar, com respeito a Moisés” (1Co10.1,2). Substituindo batizar por imergir fica assim: “...tendo sido todos imergidos assim na nuvem, como no mar, ...” Alterou o sentido? É claro. Os israelitas atravessaram o mar de pés enxutos (Ex 14.15-22,29). Não foram imersos no mar, nem na nuvem. Concluímos pois, que neste texto o verbo batizar não é sinônimo de imergir. O argumento imersionista perde a sua força pois o seu pressuposto é que batizar significa sempre imergir.
b.     Os imersionistas argumentam também que o verbo batizar deriva do grego babto e baptizo, que significa imergir. Vamos examinar dois textos onde aparecem estes verbos. O primeiro é Daniel 4.25: “...e serás molhado do orvalho do céu”. Na versão grega do Antigo Testamento, chamada Septuaginta, o verbo molhado é babto. É possível imergir alguém no orvalho do céu? Claro que não é. Logo, aqui bapto não significa, em hipótese nenhuma, imergir. O segundo texto é Lucas 11.38: “O fariseu, porém, admirou-se ao ver que Jesus não se lavava primeiro antes de comer”. No texto grego, lavava é o verbo baptizo. Os judeus se lavavam antes das refeições. Mas, se lavavam como? Marcos registrou esse costume assim: “Os fariseus e todos os judeus, observando a tradição dos anciões, não comem sem lavar cuidadosamente as mãos; quando voltam da praça, não comem sem se aspergirem”(Mc 7.3,4).Comparando estes dois textos, podemos afirmar que em Lucas 11.38 o verbo baptizo significa aspergir e não imergir. Em alguns textos bapto e baptizo significam imergir; em outros significam molhar, tingir e aspergir.
c.      Os imersionistas afirmam também que o fato de João Batista batizar no Rio Jordão significa que ele batizava por imersão. A expressão bíblica “João batizava no Rio Jordão” apenas identifica a região onde João batizava, sem ter nada a ver com o modo como João batizava. Isto fica comprovado pelo registro de João 10.40: “Novamente se retirou para além do Jordão, para o lugar onde João batizava no princípio; e ali permaneceu”.
d.     Argumentam também que se João batizava em Enom, “porque ali havia muitas águas”, isto prova que ele batizava por imersão. Quanto ao registro de que “João estava também batizando em Enom, perto de Salim, porque havia ali muitas águas, e para lá concorria o povo e era batizado” (Jo. 3.23), D. J. Wiseman, professor de Assiriologia na universidade de Londres, afirma que Enom é, em árabe, Ain, que significa fonte. Muitas águas aqui, portanto, dignifica muitas fontes de água. Enom era o lugar apropriado para João batizar, já que multidões iam até ele, e essas multidões precisavam de água para beber e para higiene pessoal. Os imersionistas afirmam que Jesus foi batizado por imersão, porque o registro bíblico afirma que, após ser batizado, Jesus saiu da água.
O fato de Jesus ter saído da água após o batismo não significa que ele tenha sido batizado por imersão. Nem todas as vezes que uma pessoa entra e sai da água materializa-se numa imersão. As vezes uma pessoa entra e sai da água sem molhar nada mais além dos pés. No batismo do eunuco, ele e Filipe desceram à água. Por isto os imersionistas afirmam que o eunuco foi batizado por imersão.
No caso do eunuco, ele seguia pelo caminho. E este, normalmente, fica num nível acima da água. Logo, para ir até onde havia água ele teria que descer. Se descer à água significasse imersão, teríamos que concluir que Filipe também foi imerso, pois o texto bíblico afirma que “ambos desceram à água” (At 8.38). Paulo compara o batismo a um sepultamento. Logo, concluem os imersionistas, o batismo deve ser feito por imersão. Quando Paulo afirmou que fomos sepultados com Cristo na morte pelo batismo (Rm 6.4;Cl 2,12), ele estava se referindo ao significado do batismo, e não ao modo de ministra-lo. Nos mesmos capítulos, Paulo afirma também que fomos circuncidados (Cl 2.11) e crucificados (R 6.6) com Cristo, prova de que ele está tratando da nossa identificação com Cristo, na sua morte, e não da forma de se ministrar o batismo.
Além do que já foi exposto, temos outras dificuldades para aceitar o batismo por imersão. Por exemplo: João Batista batizava multidões (Mt 3,5,6), além de pregar. Será que ele dispunha de tempo e energia física para imergir tanta gente? No dia de Petencoste foram batizadas quase três mil pessoas em Jerusalém. Não havia rio na cidade. Apenas reservatórios de água para uso da população. Seriam tais reservatórios suficientes para imergir três mil pessoas? E se fossem, as autoridades deixariam os apóstolos imergir pessoas em tais reservatórios? O carcereiro de Filipos foi batizado logo depois da meia noite, depois de um terremoto que fendeu as paredes da prisão, provavelmente no pátio da própria prisão, onde residia (At 16.23.33). É possível pensar em imersão num caso como este? Uma pessoa doente ou muito idosa não dispõe de condições físicas para ser batizada por imersão. Será que Jesus adotaria uma forma de batismo que excluiria os doentes e idosos?
Embora a forma do batismo não esteja clara na Bíblia, cremos que muitas evidências apontam para a aspersão, ou seja, para o derramamento de água sobre a cabeça das pessoas que estão sendo batizadas. Vamos examinar algumas destas evidências.
a.     O profeta Malaquias escreveu o seguinte: “Eis que eu envio o meu mensageiro que preparará o caminho diante de mim”(Ml 3.1). E Jesus afirmou que esta profecia se refere a João Batista (Mt 11.10). A mesma profecia diz que o mensageiro “purificará os filhos de Levi” (Ml 3.3). Esta purificação era feita aspergindo água sobre eles (Nm8.5-7). A linguagem da profecia é simbólica. Mas a figura usada é a aspersão. Muitos sacerdotes, filhos de Levi, foram batizados por João Batista. E o mais provável é que tenham sido batizados por aspersão, conforme dá a entender a profecia de Malaquias.
b.     O profeta Ezequiel, profetizando sobre a restauração de Israel, disse: “Então aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados” (Ez 36.25). E o profeta Isaías, (quando profetizou que o SENHOR derramaria o seu Espírito afirmou também que ele derramaria água “sobre o sedento” (Is 44.3). Novamente trata-se de linguagem figurada. Mas a figura usada é a aspersão. Isto nos leva a concluir que a aspersão de água é o modo escolhido por Deus para marcar o seu povo. O batismo de João era, entre outras coisas, a marca de uma nova era. Era o selo colocado sobre as pessoas que se arrependiam de seus pecados. Logo, provavelmente era feito por aspersão.
c.      Jesus falou aos discípulos sobre o batismo com o Espírito Santo, que eles recebiam, usando a mesma construção gramatical usada para falar sobre o batismo com água. “João, na verdade batizou com água mas vós sereis batizados com o Espírito Santo” (At 1.5). No dia de Petencoste eles receberam este batismo: “Ao cumprir-se o dia de Petencoste, estavam todos reunidos no mesmo lugar; ...Todos ficaram cheios do Espírito Santo” (At 2.1,4). Pedro usou esta experiência ao defender-se por ter batizado Cornélio e seus familiares. Ele disse: “Quando comecei a falar, caiu o Espírito Santo sobre eles, como também sobre nós no princípio. Então me lembrei da palavra do Senhor, como disse: João, na verdade, batizou com o Espírito Santo” (At 11.15,16). Observe que no batismo com o Espírito Santo, o Espírito caiu sobre as pessoas. Já que a construção gramatical é a mesma, no batismo com água esta deve cair sobre a pessoa que está sendo batizada.
d.     Ainda que ficasse provado que João Batista batizava por imersão, que Jesus foi batizado por imersão e que os apóstolos batizavam por imersão, poderíamos continuar batizando por aspersão, sem desobedecer à Bíblia Sagrada. Pois no batismo a água é símbolo. Logo não importa a quantidade. Pois é assim que procedemos na Ceia do Senhor. Usamos uma pequena quantidade de pão e vinho, mas sabemos que Jesus usou quantidades normais desses elementos. A ceia celebrada por Jesus era uma refeição. A que celebramos hoje faz parte do culto. E nem por isto estamos desobedecendo ao Senhor.
Como a Bíblia não diz explicitamente a forma como o batismo deve ser feito, praticamos aspersão, pois ela é mais prática – pode ser praticada em qualquer lugar, em qualquer circunstância e com qualquer pessoa, mesmo que o batizando seja um enfermo, muito idoso ou paralítico. A aspersão não discrimina ninguém.

Conclusão

A pessoa que recebeu Jesus como Salvador e Senhor está salva, quer tenha sido batizado ou não. Quem salva é Jesus, e não o batismo. Mas quem recebe Jesus deve também receber o batismo. Jesus e os apóstolos falaram do batismo como uma obrigação e não como uma opção. A nossa Confissão de fé afirma que é “grande pecado desprezar ou negligenciar esta ordenança”.

A experiência tem mostrado que, assim como o sedento anseia pela água, o verdadeiro convertido anseia pelo batismo. 

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