sexta-feira, 29 de abril de 2011

Pouco importa!



João 8.48-51

Pessoas que fazem da religião o seu próprio deus não tem o costume de discutir saudavelmente os assuntos que dizem respeito ao que Deus realmente quer ou não, e não estão muito ligadas ao que é a vontade de Deus na verdade.
Jesus se deparou algumas vezes com esse tipo de gente e esses encontros mostraram o quanto esse tipo de pessoa está distante da vontade de Deus e o quanto são diferentes de Jesus. Eles não tem muitos argumentos e geralmente ofendiam Jesus de forma pessoal, como por exemplo no encontro relatado em João 8.48: Os judeus lhe responderam: “Não estamos certos em dizer que você é samaritano e está endemoninhado?”
Jesus não se importa com posição social, não é de seu interesse a forma como as pessoas o vêem, se esta visão está relacionada a seu status econômico, ser chamado de pobre ou ser visto como alguém marginalizado não o atinge nem ofende, sendo assim, ele nem mesmo se defende deste tipo de argumento.
Mas, quando o chamam de endemoniado ele se defende, ele não admite isso e responde a acusação com a afirmação de que ele honra a seu Pai, ele também os acusa de desonrarem a Deus (João 8.49). Porque Jesus não se importa quando o acusam de ser excluído, marginalizado ou simplesmente pobre, mas se defende quando o chamam de endemoniado?
A resposta é simples, ser chamado de samaritano, nazareno ou qualquer titulo de pessoas de baixa classe social não o ofendem porque dizem respeito a ele mesmo como pessoa, mas quando o chamam de endemoniado ou louco estão ofendendo a Deus e a palavra que Jesus está transmitindo. Se as pessoas passassem a considerar Jesus como louco ou endemoniado elas não o ouviriam, não dariam mais atenção a sua pregação, isso não poderia ser admitido, Jesus se anulou de todas as maneiras possíveis para nos transmitir sua mensagem, ele permitia qualquer dano a si mesmo, mas não admitia dano algum a sua mensagem.
Hoje em dia os cristãos (não todos) não seguem a linha de Jesus, não se importam com a mensagem que ouvem desde que lhes faça bem e mantenha suas vidas confortáveis, preferem a vida mais fácil, o modo mais fácil de levar as coisas, ao invés de procurar sempre fazer o certo, mesmo que as vezes seja mais difícil.
Impressionante que a também a igreja hoje em dia muitas vezes anda na direção oposta, ela valoriza as coisas que tem, muda a mensagem para ter mais. Não vem do mundo o descrédito à mensagem, vem muitas vezes da própria igreja, vem da forma como os que deveriam defender a palavra estão a tratando, isso é mal.
Até que ponto o homem pós-moderno está disposto a se sacrificar e anular para por em evidência a mensagem que defende? Até que ponto estamos dispostos a negar a nós mesmos em favor da mensagem do evangelho? Até onde a sede por resultados toma o lugar da sede por justiça?
O cristão não precisa e nada disso, precisamos viver baseado nos conceitos que Jesus viveu, não nos que a igreja vive. A igreja vive conceitos materiais hoje (com suas exceções), a vitoria que é pregada hoje você tem se tiver uma casa boa, se tiver um bom salário, se tiver carro, se a família está em paz. Se você tem doença, se esta desempregado, se tem brigas na família, enfim, se você sofre deve ter alguma coisa que não está certa, é porque Deus não está se agradando de você, esta não é a vitória  real para o cristão. Que Deus nos ajude a vier baseado nos valores do Seu Reino.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

John Piper – Qual é nossa participação no novo nascimento?



Você pode ter pensado que eu diria que não temos participação na regeneração, porque somos espiritualmente mortos. Mas os mortos participam e muito de sua ressurreição – afinal de contas, eles ressuscitam! Eis um exemplo do que quero dizer: quando Jesus se aproximou da sepultura de Lázaro, que estava morto havia quatro dias, Lázaro não teve participação alguma na concessão de sua nova vida. Cristo causou a ressurreição. E Lázaro ressuscitou. No instante em que Deus nos dá nova vida, vivemos. No instante em que o Espírito produz fé, cremos.
A sua participação consiste em exercitar fé — fé no Filho de Deus crucificado e ressurreto, Jesus Cristo, como o Salvador, o Senhor e o Tesouro de sua vida.
A resposta continua assim: a sua ação de crer e a ação de Deus em fazer acontecer são simultâneas. Ele faz acontecer, e você crê no mesmo instante. E — isto é muito importante — a ação dEle é a causa decisiva da sua ação.
Se é difícil para você pensar numa coisa originando outra quando elas são simultâneas, pense no fogo e no calor ou no fogo e na luz. No momento em que há fogo, há calor. No momento em que há fogo, há luz. Entretanto, não diríamos que o calor provocou o fogo ou que a luz causou o fogo. Dizemos que o fogo causou o calor e a luz.
Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo, é nascido de Deus; (1 João 5:1)
A combinação do tempo presente (crê) com o particípio (é nascido) é importante. Ela mostra claramente que a fé é a conseqüência, e não a causa, do novo nascimento. Nossa atividade contínua de crer é o resultado e, portanto; a evidência de nossa experiência passada do novo nascimento, pela qual nos tornamos e permanecemos filhos de Deus. (John Stott)
Então, o que isso significa para nós? Significa quatro coisas, e oro para que você as receba com alegria.
1. Significa que devemos crer para sermos salvos, “Crê no Senhor Jesus e serás salvo” (At 16.31). O novo nascimento não assume o lugar da fé, ele envolve fé, é o nascimento da fé.
2. Significa que, entregues a nós mesmos, não cremos. Um morto não pode dar respiração a si mesmo.
3. Significa que Deus, sendo rico em misericórdia, grande em amor e graça soberana, é a causa decisiva da fé.
4. De acordo com 1 Pedro 1.22, o amor é o fruto do coração que foi regenerado. Isso quer dizer que nenhum aspecto da vida deixa de ser afetado pelo novo nascimento.

No capítulo 8, Piper expõe 1 Pe 3:13-25 e mostra a relação entre nossa fé e o novo nascimento. Tem um pequeno trecho onde ele fala sobre relevância e pregação (algo tão falado hoje em dia) que abre o capítulo  majestosamente. Já no capítulo 9, ele explica porque as boas novas tem que ser inteligíveis e não um mantra e, expondo 1 João 5:1, mostra porque o novo nascimento é a causa da fé e não o contrário.
fonte: Voltemos ao Evangelho



sábado, 2 de abril de 2011

E o filho se torna o pai



João 8.41-47

41 Vocês estão fazendo as obras do pai de vocês”.

Protestaram eles: “Nós não somos filhos ilegítimos. O único Pai que temos é Deus”.

42 Disse-lhes Jesus: “Se Deus fosse o Pai de vocês, vocês me amariam, pois eu vim de Deus e agora estou aqui. Eu não vim por mim mesmo, mas ele me enviou. 43 Por que a minha linguagem não é clara para vocês? Porque são incapazes de ouvir o que eu digo.

44 “Vocês pertencem ao pai de vocês, o Diabo, e querem realizar o desejo dele. Ele foi homicida desde o princípio e não se apegou à verdade, pois não há verdade nele. Quando mente, fala a sua própria língua, pois é mentiroso e pai da mentira. 45 No entanto, vocês não crêem em mim, porque lhes digo a verdade! 46 Qual de vocês pode me acusar de algum pecado? Se estou falando a verdade, porque vocês não crêem em mim? 47 Aquele que pertence a Deus ouve o que Deus diz. Vocês não o ouvem porque não pertencem a Deus”.


Jesus é capaz de dizer sempre a coisa certa.
“Vocês estão fazendo as obras do pai de vocês!”
Com esta frase Jesus abre a próxima parte de seu discurso, tornando mais evidente suas palavras com relação a origem do que os religiosos faziam. Os dirigentes do templo deixam de fingir que não entendem e protestam contra a afirmação de Jesus, eles negam que sejam filhos de outro que não seja Deus a qualquer custo, e mostram que entenderam o que Jesus dizia (pelo menos em parte), afirmam que Deus é Pai, para com isso, afirmar que são seus filhos
Jesus reafirma que agimos exatamente como nosso verdadeiro pai, ou seja, como quem nos criou, mesmo que de forma involuntária. Os dirigentes do templo, chefes religiosos afirmavam e talvez até tivessem certa vontade de ser descendentes de Abraão, mas suas ações eram instintivamente aprendidas de seu pai, e seu pai não era Abraão, nem Deus. Eles não agiam como se viessem de Deus. Jesus está dizendo que não basta dizer que vem de Deus, na verdade não adianta nada só dizer se isso não procede do que somos.
O que falamos tem que ser alimentado pelo que somos, o que dizemos precisa ser confirmado pelas nossas atitudes, assim era com Jesus, assim precisa ser com a gente também, não adianta nada dizer isso ou aquilo. Se na hora da ação o que fazemos não torna legítimas nossas palavras.
Os religiosos não tinham ação que evidenciasse sua fala de que eram filhos de Deus, e matar Jesus era a maior evidência de todas com relação a isso.
Jesus está mostrando a todos desde o início de seu ministério que era proveniente de Deus, quando ele diz: “pois eu vim de Deus e agora estou aqui, Eu não vim por mim mesmo, mas ele me enviou”. Ele está chamando todos a observarem suas ações e tudo mais de sua vida e ver se algo que ele faz é contrário ao Deus que ele prega. Deus está a favor da vida, Jesus também está.
Seus inimigos não compreendiam Jesus quando ele ia mais a fundo nas questões. A verdade é que os fariseus e os outros inimigos de Jesus não tinham capacidade para aprender o que ele ensinava, eles não prestavam atenção ao que ele dizia, sendo assim, não podiam obedecer, conseqüentemente.
Podemos dizer através desta afirmação que ouvir o que Jesus tem a dizer, entende-lo e segui-lo é devido à capacidade e não escolha, Jesus pode dizer hoje: siga-me quem for capaz!
Mas quem é capaz de seguir, entender e obedecer Jesus? Certamente alguém pode dizer que é capaz de fazê-lo, assim como os fariseus e demais religiosos daquele tempo. É impressionante como a atitude deste tipo de gente não mudou depois de 2 mil anos. A verdade é que ninguém tem capacidade de si mesmo para seguir e obedecer a Deus.
Jesus revela de quem os judeus eram filhos, eles podiam negar, mas suas ações davam evidência exatamente do que Jesus estava dizendo. Não havia como eles fugirem se suas próprias ações, mesmo que eles negassem, suas atitudes mostravam a quem eles obedeciam. Mesmo que eles tivessem uma aparência, o que eles faziam demonstrava a quem obedeciam e não se pode fingir pra sempre, um dia alguém descobre. Da mesma forma que muitos fingem hoje, se vestem de uma certa forma, falam com palavras que evidenciam algo que no fundo não passa de uma mentira.
Muita gente hoje finge ser algo, tanto no meio underground quanto no meio evangélico isso é muito comum, deputados da bancada “evangélica” formando esquemas de corrupção, metaleiros que não fazem nada que mostre na prática a revolução que eles mesmos propõem. Como disse Cazuza, “meus heróis morreram de overdose, meus inimigos estão no poder”!
Jesus talvez tenha compartilhado esse sentimento ao ver o templo, que no passado foi usado para adorar a Deus, agora sendo usado para manter um sistema que oprimia justamente ao pobre e aos menos favorecidos, pessoas a quem a misericórdia de Deus se destina. Infelizmente tem sido assim em muitos lugares hoje em dia, pessoas desprovidas de riquezas tem tido pouco ou nenhum espaço em nossas igrejas, quando tem espaço dentro da igreja, é o espaço que sobra, pois primeiro vem os “irmãos” (se é que se pode chamar de irmão) que tem o “coração” (carteira) mais recheado, depois de acomodar essas pessoas, aí o pobre pode sentar onde sobra, contanto que não fale nada, ou seja, quando tem lugar não tem voz.
Sendo assim, o movimento underground ou a igreja não tem nada de errado em si, mas os problemas são as pessoas que estão na igreja ou no movimento underground.
Jesus sempre disse que com ele é sempre sim, sim! e não não! Ou seguimos o diabo. O problema aqui nesta passagem é que Jesus estava diante de homens que não queriam admitir uma verdade incontestável, eles não eram filhos de Deus.
Jesus afirma categoricamente que o diabo é o pai dos seus opositores, também relembra o fato de que o Diabo sempre foi homicida, a vida que Deus dera a Adão fora tirada no dia em que o diabo entrou em contato com o homem, a mesma serpente que gerou o pecado no coração do homem, estava motivando o pecado dentro do templo. Os inimigos de Jesus somente seguiam a linha de seu pai, que é inimigo de Deus.
Eles afirmavam mentiras ao povo, sobre uma falsa liberdade, uma falsa santidade também, em Jesus nada há de falso, sua vida é integra e é justamente isso que ele oferece.
Jesus denuncia de onde vem a mentira e a morte presente no sistema opressor. Não havia modo de algo bom sair deste sistema, infelizmente alguns líderes hoje são assim também, com postura, mas sem atitude, com palavras de bem, mas ações malignas.
A triste verdade é que o povo estava sendo enganado, a mentira imperava e a morte também, pois a base de tudo estava em alguém que desde o princípio dos tempos é assassino, tudo estava perdido naquele sistema, o melhor a fazer era aderir a outro sistema e acabar com aquele, aceitar e seguir Jesus resolvia o problema, Jesus na verdade não é um sistema, mas um modo de vida.
Jesus não compactua com o sistema opressor, ele não somente não aprova como denuncia a mentira em que vivem e em que incentivam outros a viver, sendo assim, não havia modo de eles aceitarem Jesus, nada havia de semelhança entre o modo de Jesus agir (verdade que dá a vida) e o modo dos fariseus agirem (mentira que mata).
Não há nenhuma semelhança entre Jesus e a igreja que adere ao sistema que oprime o próximo, que humilha o pobre, que leva mais para baixo os miseráveis. Se Jesus procurasse a própria glória da mesma forma que os dirigentes judeus, eles logo o aceitariam, pois estariam diante de alguém semelhante a eles. Mas Jesus é diferente, Jesus anda na contramão, Jesus vai exatamente na direção contrária ao sistema do lucro, do capitalismo selvagem, da religiosidade impiedosa. Sendo assim, era impossível que a verdade de Jesus fosse compatível com a mentira dos religiosos.
Após fazer sua acusação Jesus os questiona sobre sua própria legitimidade, Jesus faz uma pergunta afirmativa para lhes mostrar que tinha integridade, ao contrário de seus opositores. A sua vida dava legitimidade ao seu discurso, a verdade pregada era verdade vivida, a liberdade da qual ele falava era exatamente a liberdade que ele vivia.
O conceito de pecado apresentado por Jesus é outro bem diferente da religião e revoluciona o conceito de pecado que temos. Para Jesus, pecado é ir contra o desígnio de Deus, não importa o que fazemos, pode ser até mesmo algo “bom”. Para Jesus, não importa o que fazemos, se o que fazemos não vem de quem somos, é preciso ser filho de Deus ao invés de simplesmente agir como um. Fingindo, seremos simples atores, e não cristãos de verdade.
É interessante notar como as pessoas querem se parecer com algo hoje. Mulheres que compram coturnos pesados para parecerem metaleiras e depois mal conseguem andar. Vejo caras que gastam muito dinheiro para customizar todo um aparato para ficar com uma aparência de headbanger, tudo inútil. Se não é algo que vem de dentro, não adianta. Da mesma forma, tem gente se vestindo de cristão, compra uma serie de CDs de certos cantores “gospel”, passa a andar com a Bíblia embaixo do braço e a chamar todo mundo de “irmão”, do mesmo modo, se não vier de dentro, não adianta.
Jesus por outro lado não podia ser acusado de pecado em qualquer sentido, suas palavras eram tão excelentes quanto seu modo de agir. Eles, porém, tem a sua lógica e modo de agir que, de acordo com a lógica proposta, lança uma mentira como sendo verdade, sendo assim, a verdade proposta por Jesus parece mentira.
Esta coerência que leva a matar Jesus não permite que aceitem a verdade, e esta é a razão pela qual não conseguem crer em Jesus. Eles estavam tão aprofundados na influência do diabo que não poderiam ver que Jesus lhes dizia a verdade. Como já dito anteriormente, crer em Jesus não é escolha e sim capacidade. Alguém com a mesma influência maligna dos religiosos inimigos de Jesus não consegue crer nele também.
Eles afirmavam que sua “verdade(?)” estava baseada em Deus, o que eles queriam na verdade era fazer Deus de cúmplice da sua mentira, e de seu modo de vida hipócrita, mas é exatamente isso que Jesus pretende ao dizer que ele vem de Deus, e que a evidência de que os religiosos não vem é que eles não podiam crer em Jesus.
Jesus conclui com o pensamento lógico, quem é de Deus ouve o que de Deus diz, simples assim. Jesus sendo filho de Deus, faz as obras que Deus o manda fazer. Suas ações o identificam com Deus da mesma forma que o modo de vida dos discípulos em Antioquia os identificou com Cristo.
Assim deve ser com todos que querem ser chamados de cristãos, ser cristão não é tanto fazer o bem ou ajudar o próximo, ser cristão é ser como Cristo. Jesus, sendo nosso maior exemplo, espera que sejamos como ele é. Se formos como Jesus, faremos as obras que ele fez. Só pode obedecer Deus aqueles que são seus filhos.