quinta-feira, 27 de setembro de 2012

E a Igreja Segue Caminhando



É incrível como as coisas mudam, a um tempo atrás a igreja pra mim era o lugar onde eu aprendia historinhas com figuras coloridas. Depois vem o tempo em que a gente se acha grande demais pra isso, então veio a época de social depois do culto, sair com os amigos e chegar tarde (era essa a intenção, embora o tarde da época fosse as 23hs). Depois vem a época de ir sozinho para os acampamentos (na verdade essas duas fases são muito próximas) e depois veio a época de ir pro seminário pra me formar em teologia e pastorear uma igreja.
Bem, uma coisa em comum em todas as fases de minha vida foi que a igreja me pareceu uma grande família, imperfeita e com pessoas que a gente vê em raras ocasiões, outros muito próximos. O que pretendo dizer com isso é que as pessoas se importavam umas com as outras, e também tinha o pastor, aquele cara muito mala que não deixava ninguém faltar na igreja em paz. Ele ia na casa das pessoas e procurava saber delas, não se importava tanto com dinheiro como hoje em dia, até tinha falta de dinheiro e era ajudado sempre por alguém.
Creio que o conceito de família funcionava para a igreja, pais e mães que faziam o máximo para que seus filhos fossem para a igreja, pastores que chamavam a atenção de crianças que corriam pra todos os lados, diáconos que nos chamavam no canto pra falar umas verdades e nos faziam ficar envergonhados por ter atrapalhado o culto. Uma vez reclamei com minha mãe que eu tinha sido chamado atenção e que tinham brigado comigo porque eu estava correndo no pátio da igreja na hora do culto, ela me disse: isso é pra você aprender que não deve correr no pátio da igreja na hora do culto. Bem, eu não posso dizer que a partir dali eu nunca mais fiz aquilo, desobedeci minha mãe muitas vezes como qualquer pessoa que tem mãe em casa, mas não fiquei traumatizado e não virei ateu online e nem passei a postar coisas contra religião no meu facebook por isso (naquela época nem mesmo existia facebook).
O meu ponto é que os pais sabiam um pouco mais sobre criação de filhos e os filhos obedeciam um pouco mais seus pais e outras pessoas mais velhas, o mais interessante disso é que ninguém ficou traumatizado e muito menos teve qualquer distúrbio mental ou coisa do tipo.
Quanto à igreja tinha uma coisa muito interessante, as pessoas trabalhavam com evangelismo, eram promovidos bazares, as pessoas saiam entregar folhetos e convidando outros pra ir no culto.
Hoje em dia algumas igrejas são mais como um clube com palestrante. O palestrante não pode falar de coisas que desanimam, como sofrimento, ele tem que falar de coisas boas, como a resposta de Deus ser sempre boa (entende-se boa por conforto). Deus é um pai que enche os filhos de presente, como um papai Noel que vem o ano inteiro, todo mundo levanta a mão pra cima e canta glórias.
Há alguns bons exemplos de pessoas que ainda tem vontade de viver conforme a Bíblia diz, isso é bom. Mas é desanimador saber que você faz falta na igreja se o teu envelope de dízimo vem sempre com um grande recheio, você faz falta se é alguém disponível para fazer programação em cima de programação que serve só pra agradar gente crente. É triste ver a igreja vivendo pra ela mesma, sem se dar conta que existe um mundo de gente perdida do lado de fora dos portões e que essas pessoas precisam ouvir de Jesus, sua cruz, sua morte sangrenta e de sua vida também, que foi uma vida de doação aos outros, alguém que não buscou seus próprios interesses enquanto estava entre nós.
Que Deus nos leve a ser a igreja que ele quer e que este mundo precisa.

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