João 16.16-18
16 “Mais um pouco e já
não me verão; um pouco mais, e me verão de novo”.
17 Alguns dos seus
discípulos disseram uns aos outros: “O que ele quer dizer com isso: ‘Mais um
pouco e não me verão’; e ‘um pouco mais e me verão de novo’, e ‘porque vou para
o Pai’?” 18 E perguntavam: “Que quer dizer ‘um pouco mais’? Não entendemos o que
ele está dizendo”.
Jesus está diante do inicio da preocupação dos discípulos,
eles que até agora tinham estado de certa forma atribulados com várias coisas,
mas, estavam (de algum jeito) tranqüilos porque Jesus estava com eles. A (real)
preocupação deles começou quando Jesus anunciou sua partida, ele diz que vai
deixá-los e isso deve ter causado assombro para os discípulos.
Jesus os confortou com a promessa do Espírito Santo, e,
feito isso, passou a falar sobre sua ausência e porque isso seria bom para os
discípulos, Jesus é o supremo bem e tudo que ele fez e continua fazendo é para
o nosso bem, mesmo que ocasionalmente e temporariamente seja algo que não nos
cause prazer.
A verdade é que da parte de Deus e o que depende de Deus
está tudo bom e perfeito, Deus sempre sabe o que fazer e de fato ele faz o que
precisa ser feito no tempo que precisa ser feito.
Por outro lado há um problema grave, pois os discípulos
(assim como nós) não entenderam o que ele dizia a eles, eles não compreenderam
nem o sentido da morte de Jesus e muito menos o bem que lhes faria a vinda do
Espírito Santo. Eles não compreenderam que para que os nossos pecados fossem
cravados na cruz Jesus também precisaria ser cravado nela, eles não entenderam
que Jesus veio com uma missão que deveria terminar com sua morte e conseqüente
ressurreição, enfim, eles não compreenderam nada a respeito da morte de Jesus e
muito menos sobre como seria a vinda do Espírito Santo.
A falta de entendimento dos discípulos causou neles o que
causa em qualquer ser humano: eles começaram a reclamar e murmurar e
provavelmente pensaram que Jesus é quem não estava compreendendo as coisas.
Penso que algum dos discípulos estivesse até com a intenção
de ir dar um toque em Jesus pra explicar que a morte é o fim de tudo, que quando
alguém morre não faz mais nada. Eles talvez pensassem que o entendimento de
Jesus não estivesse tão esclarecido mais, que Jesus não estivesse com suas
capacidades tão certas mais.
Na verdade somos assim com o que não entendemos, temos esse
problema de não ver nossa incapacidade, de pensar que o outro é quem não está
raciocinando bem. Jesus por outro lado está muito acima de nós, em Isaías 55
Deus diz ao profeta que os seus caminhos não são os nossos caminhos e nem os
seus pensamentos são os nossos pensamentos, pois ambos estão muito acima do que
qualquer pessoa possa almejar ou conquistar.
Os discípulos estavam vendo isso na prática, pois Jesus
estava ali ensinando e dizendo coisas que eles precisavam ouvir, que os
ajudaria no tempo que estava chegando. Na verdade as coisas não devem ser
fáceis para quem quer seguir a Cristo, porque seguir a Cristo é sempre andar na
contra-mão, é ir contra coisas que o mundo acha normal, é recusar fazer o que
não é certo mesmo quando o mundo inteiro estiver fazendo, é dizer não quando
todos dizem sim, etc.
Jesus estava ali falando para eles enquanto eles não queriam
acreditar no que estavam ouvindo. Eles obviamente esperavam que Jesus ficasse
ali e instituísse algo (a Igreja Pentecostal de Jesus?), que continuasse com eles
até ficar velhinho e morrer farto de dias. Eles não queriam estar numa
sociedade que os odiasse sem a proteção de Jesus.
Mas Jesus vê mais longe que nós e consegue manter firme o
olhar para aquilo que ele designou desde o princípio. Era necessário que ele os
deixasse por um tempo, era necessário que eles passassem algumas dificuldades
(prisão, açoites, humilhações a nível social, cultural e psicológico, etc.)
para amadurecerem.
Cristãos sofrem hoje em dia, quem quiser carregar a cruz de
Cristo de verdade terá que sofrer muitas coisas, mas há de se reconhecer que
aqueles crentes sofreram um pouco mais. Há de se reconhecer também que não
podemos comparar qualquer dificuldade da vida que temos com a glória da nova
Jerusalém, assim como não podemos reclamar de qualquer dificuldade visto que a
cruz foi uma dificuldade um tanto maior...
Que Deus nos abençoe para que reconheçamos sua grandeza,
tanto o seu conhecimento e sabedoria como a obra que ele vai realizar.
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