sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Por que sair?



Este é uma pergunta que é muito feita por algumas pessoas em dias de festa e em dias comuns também. Se for olhar bem, se a situação não esta boa não há motivo para comemorar, e se esta boa, o que há na rua que não se pode ter em casa? Sendo assim, a pergunta retorna: por que sair?
Eu penso na tristeza que deve ser a vida de quem se ilude achando que deve beber até cair hoje porque amanhã pode morrer, principalmente quando amanhece o dia e a pessoa não morreu, está com uma puta dor de cabeça e fez um monte de coisas que tem motivos pra se arrepender.
Aí me vem aquela frase que muitos já disseram: quem não bebe não tem historias pra contar. Bem, só tem uma contradição nesta frase, porque quem bebe não lembra o que fez, sendo assim, não tem história pra contar porque não se lembra. Quem tem historia pra contar é quem não bebeu e depois teve que ir acudir o amigo que fez merda.



Mas a pergunta do inicio era: porque sair? A verdade é que não há motivos reais para comemorar uma pseudo felicidade baseada em coisas que as pessoas pensam que tem, como amigos por exemplo.
Se bem que o conceito de amizade é muito pessoal aparentemente, porque a um certo tempo atrás amigo era aquele que acompanhava, que ajudava, que participava em momentos de tristeza, diferente de hoje em dia (pelo menos na mente de alguns).
Amigo hoje em dia é diferente, é aquele que bebe junto, que te chama pra sair, que ajuda a inteirar pra comprar a bebida, mas não é necessariamente aquele que ajuda a levantar quando você passa mal, não é aquele que te carrega pra casa quando você se fere e nem é aquele que te livra de encrencas. Também não é aquele que te anima quando você está pra baixo, mas aquele que te põe mais pra baixo ainda. Não sei se estou velho ou se o conceito foi deturpado, prefiro acreditar no último.
A verdade é que a noite de sábado é cada vez mais desanimadora e é preciso mais bebida pra aguentar, o tédio é cada dia maior e cada vez mais é necessário beber porque amar tá difícil (como dizem alguns).
Sei que ser pessimista não é a melhor forma de lidar com os problemas, mas não vejo outra forma de analisar e pensar na vida de muitos que vivem assim. Penso que é muito triste olhar pra si próprio e ver a vida degradante que se leva e gastar o tempo que resta piorando a própria situação.
Outra coisa triste e contraditória que vejo é que as pessoas que vivem assim tem em mente a ideia: ninguém tem nada a ver com minha vida e por isso eu faço o que eu quero. Essa ideia entra em contradição com as atitudes das mesmas pessoas quando passa alguém diferente delas que ao invés de se afundar cada vez mais está fazendo algo pra melhorar e pra mudar.

Há um tempo atrás estava entre “amigos” e os crentes foi o assunto que alguém jogou no meio, foi interessante as perolas que surgiram: “eu não acho certo esses irmãos!”, “esse povo de igreja quer ser certo pra tudo, não bebe, não fuma, não sabe viver.” “olha Lutero que reformou a igreja pra ela ficar desse jeito aí”.
Eu costumo dizer que as frases mais acidas sobre Deus são ditas por quem não sabe nada sobre ele. Penso que essa frase resume bem a razão das criticas. Tenho meu pensamento sobre gente crente e penso que não é só porque alguém frequenta alguma igreja que está habilitado a apontar o dedo para todas as direções e cutucar as feridas dos outros como se fosse alguém melhor.
A verdade é que aparentemente há pouca esperança pra esses tipos de pessoas citados acima, é lamentável que tanta gente viva assim, nas cinzas de si própria. Falando de uma forma mais cristã eu diria que a verdade é que o pecado é tão nocivo para o ser humano que ele distorce nossa forma de ver as coisas, o que é certo não parece tão certo e o que é errado não parece tão errado assim para quem já foi dominado pelo pecado.
Aí me vem à mente uma coisa interessante através de outra pergunta: porque Jesus se importa com essas pessoas? Por que ele teve que se desfazer se sua gloria pra morar com seres são patéticos, pessoas que se  afundam em sua própria insignificância e fazem de tudo pra piorar a própria situação (que já está uma “beleza”)?
Ainda bem que Deus não é humano, ainda bem que Deus transcende tudo isso que chamamos de realidade, ainda bem que ele é Deus. Quando eu olho pra situação de algumas pessoas eu vejo alguém se matando aos poucos, mas quando Deus olha ele vê alguém que precisa muito dele, ele vê alguém que pode ser usado por ele, ele olha com misericórdia, ele sente desejo de fazer algo e foi o que, de fato, ele fez.
Jesus deixou o céu não foi porque ele queria aparecer e se tornar o destaque, ele queria justamente fazer algo por quem não estava em destaque, aquelas pessoas invisíveis que encontramos todos os dias e fingimos não ver, ele também olhou por aquelas que fazem de tudo pra chamar a atenção e chamou a essas pessoas para segui-lo, ele olhou pra outros que presos em sua religiosidade não conseguiam ver o próprio mal e os chamou, Jesus estendeu seu chamado a todos, ele não se preocupou com a religião ou com a visão política de ninguém, seu chamado não foi dependente do estado financeiro ou social de ninguém, nem mesmo o estado moral foi empecilho para que o seu chamado chegasse aos ouvidos.

Ele teve pena e agiu com misericórdia para com todo mundo, não excluiu ninguém e nem mesmo rejeitou ninguém, sua voz ainda chama aos cansados e sobrecarregados com os fardos da vida, ele ainda quer a companhia de bêbados degenerados, ele ainda quer conversar com prostitutas e mendigos amaldiçoados, ele ainda chama a todos para segui-lo e se tornarem pescadores de homens.
Que seu chamado seja ouvido entre nós, porque ele se importa até mesmo com quem não se importa.

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