O interesse pelo dinheiro do pobre tem sido passado de
geração à geração das pessoas que estão no poder. Interessante que é o pobre
que tem pouco dinheiro mas tem servido às mesas de muitos poderosos.
Na igreja infelizmente não é diferente, houve quem estivesse
na liderança e oprimisse os menos favorecidos em troca de se manter no poder e
de riqueza, não foram todos, mas foram muitos. Isso não quer dizer obviamente
que a religião é má ou que ela deveria ser extirpada do mundo, é a mesma coisa
que acabar com a nação porque todos os governantes foram corruptos.
Não se deve julgar a religião pelos líderes maus que ela
possui, mas pelo seu conteúdo e também pela sua proposta, se tanto o seu
conteúdo (suas exigências) quando suas propostas estiverem levando seus
seguidores à prática de injustiça, pode-se dizer que tal religião é má, caso
contrário não.
Sendo assim analisemos a religião cristã. Quem foi o seu
fundador? Quais os seus princípios? Qual a sua proposta? Creio que sendo eu um
cristão eu possa estar sendo parcial e também pelo fato de não ser alguém com
um grau tão elevado no que se refere ao nível teológico e minha análise pode
não ser tão profunda quanto deveria ou poderia. Sendo assim, o melhor caminho é
basear-se na Bíblia, pois um dos princípios da Reforma Protestante é Sola
Scriptura. Este princípio diz que só a Bíblia tem a primazia, ou
seja, em qualquer questão a Bíblia deve ser consultada, e em qualquer dúvida a
ultima palavra é da Bíblia.
A Bíblia apresenta Jesus como a base para todo o
cristianismo, sendo assim deve-se perguntar antes de mais nada: Quem foi Jesus?
O que ele fez?
O evangelista João diz no final de seu livro que Jesus fez
muitas coisas e se fosse para escrever tudo que ele fez não haveria espaço
suficiente para os livros que seriam escritos. Sendo assim, é preciso analisar
o que ele fez de uma forma geral. Certa vez João Batista enviou discípulos seus
para perguntarem a Jesus se ele era mesmo o Cristo que eles estavam esperando
ou se eles deveriam esperar outro. A resposta de Jesus foi para eles olharem o
que ele estava fazendo: os cegos vêem, os aleijados andam, os leprosos são
purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados e as boas novas são
pregadas aos pobres (Lc 7.22). A atividade de Jesus constituía basicamente de assistência
a quem tinha necessidade, assistência de verdade (não confunda com
assistencialismo), ele pregava o que as pessoas precisavam ouvir, ele fazia o
que era necessário em cada situação, sendo ele o filho de Deus ele tinha uma
lista maior de atribuições, como curar doentes e ressuscitar mortos. É verdade
que há muitos aí dizendo que fazem essas coisas, mas prefiro tomar Jesus como
exemplo porque quando o examinaram para crucificá-lo não acharam nada que o condenasse,
diferente de alguns fazedores de milagres modernos.
Além da atitude correta em relação a cada um Jesus ainda era
e é o Filho de Deus. Muitos lembram apenas de sua morte usando um crucifixo no
pescoço, outros usam apenas por usar sem se dar conta do significado. Mas mesmo
os que usam por lembrarem da morte de Jesus se esquecem de olhar para Jesus
vivo, o mesmo que andou entre os homens por 30 anos, que teve um ministério de
3 anos baseado na doação de si mesmo. É bom lembrar essas coisas, porque a
atitude que Jesus quer de nós ele ensinou enquanto estava vivo e não depois de sua
morte.
Qual a oferta então que é aceitável de nossa parte? Jesus
quando falou de ser entregue às autoridades e morrer ele foi interrompido por
Pedro que disse que morreria por ele, Jesus então condena a atitude de Pedro
porque este não tinha entendido o que Jesus queria, sendo assim a pergunta
permanece: qual a oferta que devemos dar a Deus? A resposta é: a própria vida
em favor de Sua causa. Jesus não queria que Pedro morresse por ele, mas queria
que ele desse sua vida pelo povo. Hoje podemos dar nossa vida pelo nosso
próximo também, é uma oportunidade que cada um tem, é uma possibilidade que
ainda existe.
A doação de si mesmo não deve se resumir a 10% do salário no
cofre da igreja, deve ser muito mais, esta oferta não se refere apenas a
dinheiro, se refere a entender que nossa vida e tudo que possuímos pertence a Deus
e que o mínimo que podemos fazer é tudo que estiver a nosso alcance. Que Deus
nos leve a doar cada vez mais do que temos (inclusive tempo).
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